O que a interdição da Igreja Matriz de Muqui nos alerta?

O patrimônio cultural não é apenas um objeto de contemplação estética, mas uma ferramenta para o fortalecimento da identidade e do pertencimento de um povo.

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em 23 de mar de 2025, às 16h50

Foto: Reprodução | Diocese
Foto: Reprodução | Diocese

A interdição da Igreja Matriz de Muqui, no Sul do Estado, ocorrida na última sexta-feira (21), é mais do que uma simples medida de segurança preventiva: é um reflexo das vulnerabilidades de um patrimônio histórico que, apesar de sua relevância cultural e religiosa, enfrenta a negligência do tempo e do descaso com a conservação do nosso patrimônio histórico. A decisão de interditar a igreja foi tomada após a apresentação de um laudo técnico alarmante, que identificou danos significativos nas estruturas que sustentam o edifício, incluindo infiltrações, rachaduras e infestação de cupins nas madeiras que sustentam o telhado. No entanto, mais do que os danos materiais, esse episódio coloca em evidência a urgência da preservação dos nossos bens culturais, que são a identidade e a memória de um povo.

Símbolo da cidade e da história religiosa do ES

A Igreja Matriz de Muqui não é apenas um local de culto, mas um símbolo da cidade e da história religiosa do Espírito Santo. Localizada no Sítio Histórico de Muqui, a igreja é um exemplo de arquitetura eclética e um verdadeiro museu a céu aberto. Seu interior é adornado por pinturas do renomado Giuseppe Irlandi, altares de mármore carrara e vitrais que remontam à generosidade das famílias locais. Essas obras de arte, que transportam a riqueza histórica e cultural de diferentes períodos e estilos, não podem ser tratadas como simples elementos de um edifício qualquer. Elas representam um elo entre o passado e o presente, entre as gerações de muquienses e o legado que precisam ser preservados para as gerações futuras.

No entanto, o laudo técnico de interdição revela uma triste realidade: o abandono progressivo de muitos patrimônios históricos que, por mais que sejam parte essencial da nossa história, não recebem o investimento necessário para sua preservação. A paróquia, ciente da importância do local, já tomou as primeiras providências, transferindo as atividades religiosas para outro espaço e buscando apoio junto ao governo estadual para a restauração da igreja. Porém, esse esforço inicial precisa ser amplificado, com a participação ativa da sociedade e dos órgãos públicos responsáveis pela preservação do patrimônio.

Descaso com o patrimônio histórico

É lamentável que, em pleno século XXI, o Brasil ainda enfrente tamanha dificuldade em garantir recursos e políticas públicas efetivas para a conservação de bens culturais. A Igreja Matriz de Muqui não é tombada, o que poderia garantir maior proteção legal, mas sua importância histórica e cultural é inegável. O Estado precisa compreender que investir na preservação de nosso patrimônio não é apenas uma questão de conservação de edifícios, mas de preservação de nossa história, identidade e memória coletiva. O descaso com o patrimônio histórico é, na prática, um empobrecimento da própria alma do povo, que perde suas raízes e seus símbolos.

A situação da Igreja Matriz de Muqui é um grito de alerta: é urgente que se criem mecanismos mais eficazes de preservação do patrimônio histórico, com uma gestão integrada entre os órgãos municipais, estaduais e federais, além da conscientização da população sobre a importância de manter viva a história que esses monumentos representam. O patrimônio cultural não é apenas um objeto de contemplação estética, mas uma ferramenta para o fortalecimento da identidade e do pertencimento de um povo.

Debate da preservação do patrimônio

Portanto, mais do que buscar recursos para reparar os danos causados à Igreja Matriz, a comunidade de Muqui e o Estado do Espírito Santo precisam se unir em torno de um compromisso de longo prazo com a preservação do patrimônio histórico. Afinal, preservar é mais do que restaurar; é proteger e garantir que as futuras gerações tenham acesso ao que há de mais valioso em nossa cultura e história. Que o caso da Igreja Matriz seja um marco para que a preservação do patrimônio histórico deixe de ser uma urgência isolada e se torne uma prioridade constante em nossa agenda pública.

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