Observem o seguinte ditado: “Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer”. A sabedoria popular nem sempre está certa, porém, não existe melhor frase para ilustrar o atraso do Brasil em relação aos países desenvolvidos. Assim como as pessoas que querem ir para o céu, a maioria dos brasileiros querem um país desenvolvido, mas não agem de forma a construir um futuro melhor para a nação.

Os brasileiros querem um trânsito saudável, mas eles param na faixa de pedestre?

Os brasileiros desejam lugares limpos e harmoniosos, porém eles descartam o lixo da forma correta?

Os brasileiros anseiam por um país mais ético, mas eles devolveriam sua carteira se você a perdesse na rua?

Eu poderia escrever milhares de linhas sobre as inconsistências do cotidiano.

Ironicamente, quando viajam para o exterior, os brasileiros milagrosamente respeitam as leis de trânsito, jogam o lixo nos locais designados e devolvem a carteira ao dono. Contudo, assim que desembarcam no Brasil os sujeitos entram em amnésia e esquecem o código de conduta do país em que estavam.

A regra é clara, ser picareta em terras tupiniquins não é só tolerável como louvável na visão da sociedade. Assim como expressa Durkheim, o qual afirma que o ser humano é um ator social, a sociedade brasileira participa de um grande teatro, sendo necessário atuar em diversos papéis para conseguir se adaptar as regras e padrões estabelecidos. Em linhas gerais, não admitimos a existência de atores sociais éticos.

“A culpa é dos políticos”. Errado. A culpa é inteiramente nossa.

O dia em que agirmos como os suecos, dinamarqueses e japoneses, talvez consigamos construir um país desenvolvido e, quem sabe, entrar no céu.

Rafael Altoé Frossard é professor do Centro Universitário São Camilo – ES e mestrando em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).