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Política

Oferta de serviços de saúde no Sul do ES é alvo de debate na Ales

Região tem grande demanda por consultas especializadas e exames de média e alta complexidade e esforços para reduzir faltas e descentralizar serviços

Por Redação

5 mins de leitura

em 13 de jun de 2023, às 13h58

Foto: Ellen Campanharo

A descentralização de consultas, exames e cirurgias e o esforço para diminuir o número de faltas nos serviços agendados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região Sul do Espírito Santo são os principais desafios apontados pela supervisora regional do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (Icepi), Samilla Coelho Figueira. A especialista foi uma das convidadas da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, na reunião desta terça-feira (13).

Com um total de 26 municípios, a Região Sul é a segunda mais populosa do estado. Tendo como sede Cachoeiro de Itapemirim, ela concentra 19,3% da população capixaba. De acordo com a supervisora, a região contabiliza, atualmente, quase 680 mil solicitações de serviços (consultas especializadas e exames de média e alta complexidade), dos quais 53% foram realizados e 19,3% já estão autorizados.

Carteira de serviços

A carteira de serviços dispõe de 76 itens de agendamento para consultas de especialidades e subespecialidades e 70 itens de exames de média e alta complexidade. Outros 75 itens, entre consultas e exames, são encaminhados para a Região Metropolitana. Com 228 equipes de saúde da família, o polo tem quase 95% de cobertura da atenção primária.

Os indicadores apontam um crescimento na realização de cirurgias gerais para este ano em relação ao ano passado. Em 2022 foram feitas 2.558 cirurgias gerais na região; só no primeiro quadrimestre de 2023 elas somam 1.150. 

Absenteísmo

A reunião debateu o absenteísmo no serviço de saúde, que é quando, por alguma razão, o paciente marcado acaba não comparecendo. “A gente tem uma pluralidade de fatores. A gente tem não só a questão da desistência do usuário, mas a gente tem a questão latente da forma como o transporte sanitário do próprio município é organizado para atender essa demanda, que é cada vez mais crescente” explicou a supervisora.

Para exemplificar o tamanho do gargalo, Samilla Figueira disse que, só no primeiro quadrimestre de 2023, foram registradas 644 faltas em consultas cardiológicas na região. No ano passado foram contabilizadas 1.259. A situação é ainda mais crítica nas consultas oftalmológicas: já são 1.719 nos primeiros quatro meses do ano. Em 2022 foram 5.443 faltas.

Em relação aos exames, os números também apontam um alto índice de absenteísmo. O maior número de faltas ocorre na endoscopia digestiva alta para adultos: 1.197 em 2022 e 565 no primeiro quadrimestre de 2023.  As ausências para ultrassonografia doppler também chamam a atenção, com 310 faltas nos quatro primeiros meses deste ano e 385 em todo o ano passado.

Micropolos

Uma das estratégias para tornar o atendimento mais humanizado e eficiente na região é a descentralização da oferta, que é concentrada no município de Cachoeiro de Itapemirim. O superintendente regional de Saúde do município, Márcio Clayton da Silva, explicou que o Executivo estadual está investindo na criação de micropolos, aumentando a oferta de consultas e exames para essas microrregiões. Na Região Sul entrou em funcionamento o Micropolo do Caparaó e está sendo criado o Micropolo Litoral Sul.

“Os 12 municípios que fazem parte do micropolo do Caparaó são muito resolutivos. São pacientes que nós tiramos da estrada, que deixaram de vir para Cachoeiro de Itapemirim e estão sendo atendidos na sede do micropolo, que é em Guaçuí. Isso humaniza o atendimento, você melhora a qualidade”, explicou o superintendente.

O presidente do colegiado, deputado Dr. Bruno Resende (União), disse aprovar a medida. “Realmente está funcionando esse micropolo, eu fui lá e vi. São mais de 20 especialidades. É uma pena que a gente ainda não conseguiu ter esse funcionamento pleno nas demais regiões (…) Eu fico feliz de saber que nós estamos conseguindo avançar, finalmente, pro litoral sul, com essas consultas de especialidade”, opinou.

Fila

O parlamentar mostrou também uma preocupação com a fila de acesso aos serviços. “Uma coisa que me preocupa muito é a gestão da fila. Nós vamos primeiro, para amortizar a fila, conhecer a fila. Saber se a fila é fila realmente. E nós temos ainda algumas filas no estado do Espírito Santo que não estão de fato integralizadas entre si. Por exemplo, a fila da cirurgia bariátrica. Não é incomum que nós tenhamos o mesmo paciente em várias filas. Às vezes o paciente já até operou e está lá”, destacou.

“Essa nossa conversa toda aqui hoje é para primeiro entender como é o funcionamento, o fluxo. Segundo, saber quais são os gargalos que nós temos no sistema, e gargalo é falta de assistência. As consultas de especialidade são um problema”, complementou.

Capacitações

Para tentar solucionar os problemas diagnosticados, o governo está investindo no treinamento dos profissionais de saúde da região. Foi elaborado um calendário de capacitação das equipes de estratégia de saúde da família dos municípios. O treinamento será realizado em cada cidade da região, com o objetivo de atualizar o conceito de trabalho, com um foco voltado para a atenção primária e para a regulação dos pacientes.

“Nós entendemos que ao longo dos anos, muitos profissionais mudaram. A atenção primária, a regulação, o volume de profissionais no município mudou muito. O importante, que a gente quer resgatar para esses profissionais que estão atuando agora, é qual o seu papel quando a gente fala de política nacional de regulação do acesso, ele precisa se perceber em relação a isso. Ele não é um mero médico que é um encaminhador, ele é um médico de estratégia de saúde da família e comunidade”, ressaltou Samilla Figueira.

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