Cidades

Dados chocantes alertam para a prática de bullying em Cachoeiro

Mãe de adolescente vítima de bullying cobrou medidas para enfrentar problema que pode afetar autoestima de jovens e levar à depressão e suicídio

Por Redação

4 mins de leitura

em 05 de set de 2023, às 12h25

Foto: Reprodução | Agência Brasil
Foto: Reprodução | Agência Brasil

“A saúde mental grita por socorro entre alunos das escolas capixabas.” O alerta foi feito no Plenário da Assembleia Legislativa (Ales), nesta segunda-feira (4), durante o uso da Tribuna Popular pela enfermeira Ludmila Bastos Moreira, que cobrou do poder público a instituição de políticas voltadas para a prevenção de suicídios motivados por bullying no ambiente escolar. 

Ludmila relatou estar participando de um movimento no estado na luta pela prevenção do suicídio entre jovens estudantes depois que uma de suas filhas tentou tirar a própria vida por sofrer bullying na escola. 

A adolescente, conforme disse, era comunicativa, fazia balé e aulas de canto, mas começou a se sentir rejeitada entre os colegas estudantes aos 13 anos, já que era discriminada pelo fato de ser muito magra e o pai ser obeso. 

“Depois de meses de sofrimento ela não queria ir mais para escola, parou com as atividades de balé e de canto, e se isolou dentro de casa. Passou a manifestar agressividade e se afastou do pai”, contou. 

Segundo Ludmila, após a tentativa a menina foi internada. Com ajuda terapêutica, conseguiu recuperar a saúde e tentou retomar as atividades escolares, mas o bullying dos colegas ressurgiu em menos de 1 hora de aula e a crise de ansiedade voltou. “Precisamos buscá-la na escola repetidas vezes, até que, num entendimento com o psiquiatra, decidimos retirá-la do ambiente escolar”, detalhou. 

Associação 

Ludmila disse que devido à situação enfrentada pela filha acabou conhecendo outras mães que também enfrentam problemas de depressão e tentativas de suicídio de filhos motivados por bullying em ambiente escolar. 

Em função disso, está sendo criada a Associação de Mães de Adolescentes com Depressão e Ansiedade (Amada), entidade que na prática já está funcionando, mas ainda precisa finalizar a constituição jurídica. Os contatos para fazer parte da amada podem ser feitos pelo Instagram por meio do perfil @amadacachoeiro. 

“São muitos casos muito tristes que acabei tomando conhecimento, entre eles o de uma mãe de aluna que estudava na mesma sala da minha filha, mas a menina tentou se matar oito vezes”, relatou. 

Conforme Ludmila, nesse caso o bullying decorria do fato de a estudante ser obesa. Por causa da ansiedade ela acabou, segundo Ludmila, desenvolvendo bulimia e anorexia, teve os rins paralisados e precisou de hemodiálise, além de ter sido entubada. 

Os pais dessa menina tiveram que acionar o Ministério Público porque não dispõem de condições financeiras para pagar internação psiquiátrica e tratamento psicológico.  

“Muitas famílias são carentes e precisam dessa assistência na rede pública, não só em Cachoeiro de Itapemirim, mas na maioria das cidades brasileiras”, frisou Ludmila. 

O deputado Dr. Bruno Resende (União), médico e autor do requerimento para a fala de Ludmila na Tribuna Popular, alertou que o problema de depressão entre crianças e adolescentes é muito grave, mas passa despercebido por ser uma “epidemia silenciosa”. 

“Quando alguém tem câncer, diabetes, doença coronariana todo mundo sabe devido aos sintomas mais nítidos; mas a depressão é algo que às vezes está dentro da casa da gente e a gente não percebe”, afirmou ao garantir apoio na luta pela criação de programa de prevenção a suicídios de alunos motivados por bullying nas escolas. 

Dados  

Citando números do CVV (Centro de Valorização da Vida), Ludmila apontou que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo e a cada três segundo alguém atenta contra a própria vida. Por ano, cerca de 1 milhão de pessoas suicidam no mundo. No Brasil a cada 40 minutos uma pessoa morre por essa razão. 

Ela citou, ainda, com base em informações da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim, que em 2020 houve 136 tentativas de suicídio na cidade; esses números em 2021 chegaram a 200; em 2022, 301 pessoas tentaram tirar a própria vida em Cachoeiro; já este ano, até o mês de julho, fora 428 tentativas, o que demonstra aumento considerável nas notificações. 

“O Brasil é classificado como o primeiro no ranking mundial de ansiedade, o terceiro em depressão, o quinto em transtornos mentais e o oitavo em suicídio”, acrescentou. 

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