Governo quer colocar ES como referência do café no mundo
O subsecretário de Agricultura, Michel Tesch, fala sobre a atuação do Governo do Estado para colocar o ES como destaque no mercado exterior
Conforme afirma o subsecretário estadual de Agricultura, Michel Tesch, o Governo do Espirito Santo está atuando para colocar o Espírito Santo como referência do café para o mundo. Presente ao Fórum de Inovação e Tecnologia no Agronegócio – Inova Capixaba – Agricultura in Foco, realizado em Alegre, na semana passada, o subsecretário afirma que o Estado está fazendo movimentos, sob a liderança do governador Renato Casagrande, aproveitando oportunidades que tem se apresentado no mercado exterior.
Ele coloca que a União Europeia (UE) aprovou um documento chamado Regulamento de Desmatamento Zero para Commodities. E explica que isso afeta o café, cacau, soja, carne bovina, produtos madeireiros e óleo de palma. “Esses produtos, para entrarem na União Europeia, a partir de janeiro de 2025, têm que ser produzidos em áreas livres de desmatamento e não pode ter ocorrido desmatamento após janeiro de 2021”, esclarece.
De acordo com Michel Tesch, a decisão da UE é uma resposta a uma percepção que os europeus tiveram sobre o governo central brasileiro, nos últimos quatro anos, que deixou a pauta ambiental de lado. E a União Europeia é um centro consumidor muito importante dos produtos do agronegócio brasileiro. “Da produção do Café do Brasil, de tudo que exportamos, 50% vai para a Europa”, ressalta. “Então, é um mercado que precisamos estar sempre dialogando, mas o diálogo foi rompido e, em função disso, numa forma até de retaliação, foi aprovado esse regulamento que não vale só para o Brasil”, completa.
Diálogo para ser tornar referência do café no mundo
No entanto, para o subsecretário, o que é aparentemente uma ameaça, pode ser uma oportunidade para o Espírito Santo se tornar referência do café, já que o Estado possui um arranjo da cafeicultura muito estruturado. E, diante disso, resolveu sair na frente nesse processo que o Brasil está liderando, para buscar o caminho de entregar commodities livres de desmatamento. “Eu e o secretário (estadual de Agricultura) Ênio Bergoli, representando o governador Renato Casagrande, estivemos na Europa, onde discutimos com a Organização Internacional do Café (OIC), com a Embaixada do Brasil em Londres, a European Coffee Federation (Federação Europeia do Café, em português) e com Cecafé (Conselho de Exportadores de Café do Brasil), sobre como podemos ajustar essa regulamentação e sua implementação no País”, conta.
Contudo, muito ainda depende de discussões que estão sendo feitas pela diplomacia brasileira. No entanto, Tesch ressalta que as relações estabelecidas pelo Governo do Estado, na Europa, vão favorecer para que o Espírito Santo participe e transforme, o que aparentemente é uma ameaça, em uma oportunidade para o Estado. “O Espírito Santo fechou alguns acordos, para termos projetos pilotos de exportação, onde a estrutura da União Europeia vai fazer as análises dos fornecedores, com base na metodologia que possuem, e nós vamos analisar com a nossa metodologia”, relata. “As inconsistências serão checadas pela equipe do Governo do Estado, por meio de Incaper e Idaf, em campo, e fazer a validação em tempo real”, completa.
E uma das questões a serem discutidas passam por uma mudança de paradigma. A União Europeia entende, como área livre de desmatamento, todo e qualquer área que tenha desmatamento zero. “Contudo, no Brasil, há um Código Florestal, com regras muito claras e definidas, que, nos estágios iniciais de degeneração, para algumas atividades, devidamente autorizado pelo órgão executor da política florestal – que no Espírito Santo é o Idaf – é possível fazer supressão”, explica Michel Tesch.
Desmistificar a visão europeia
Ele destaca, como exemplo, a técnica do pousio (descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis, interrompendo-lhe as culturas para tornar o solo mais fértil) muito utilizada pelos produtores brasileiros. “É o caso do produtor que cultiva uma área com banana e, quando se esgota, deixa regenerar, para daqui quatro a cinco anos, suprimir (a vegetação regenerada) e fazer de novo (o cultivo)”, esclarece. “Isso é permitido na nossa legislação, mas que os europeus entendem que não poderia ser feito”, acrescenta.
Então, para Tesch, é preciso desmistificar essa visão europeia. “Recebemos, recentemente, um grupo de lideranças da Europa e dos Estados Unidos, e mostramos como é feito esse tipo de supressão, e eles começaram a entender um pouco dessa lógica”, conta. “Esse é um caminho que ainda vai ser trilhado na base da negociação, mas, a princípio, é desmatamento zero”, enfatiza.
Cafeicultura qualificada e sustentável
Contudo, ao mesmo tempo, Michel Tesch tranquiliza os produtores de café, ao dizer que isso não é um grande desafio na busca em tornar o Espírito Santo referência do café no mundo. Isso porque, segundo ele, justamente pela estrutura do setor no Estado que possui cafeicultores muito qualificados e com alto grau de sustentabilidade. “E, por isso, muitos dos que vieram nos visitar, se tornaram embaixadores da cafeicultura capixaba lá fora”, afirma.
E conta o caso de uma pesquisadora de uma universidade de Genebra, na Suíça, que estava com informações equivocadas sobre a cafeicultura capixaba. “E quem advogou a favor do Estado, foi o (William) Bill Murray, que é presidente da NCA (National Coffee Association – Associação Nacional do Café, em português), dos Estados Unidos, que corroborou as informações passadas pelo Governo do Estado para ela”, conclui.
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