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Política

Feminicídio no ES: exposição alerta para dados alarmantes

Sapatos feitos em cerâmica e pintados de vermelho chamam a atenção para a violência contra as mulheres

Por Redação

4 mins de leitura

em 18 de mar de 2024, às 17h58

Foto: Divulgação | Ales

Uma exposição chama atenção para o número alarmante de feminicídio no Espírito Santo e em todo o Brasil.

A “Passos Firmes Contra a Violência às Mulheres”, foi aberta, nesta segunda-feira (18). A mostra segue até o dia 30 de março, na Assembleia Legislativa (Ales).

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Organizada pelo Coletivo de Cerâmica Santerra, de Santa Teresa (ES), a instalação artística visa sensibilizar o público para os atos de abuso, maus-tratos, agressões e feminicídio enfrentados diariamente pelas mulheres em todo o mundo. A mostra teve sua inspiração inicial no México, com Elina Chauvet.

A artista desenvolveu o projeto após perder sua irmã para o feminicídio. Agora, chega ao estado por meio da Santerra. Associação Italiana de Ceramistas na Itália (Matres) adotou a iniciativa posteriormente.

“Nós pedimos autorização para a Itália para replicarmos no Brasil, pela primeira vez, os sapatos em cerâmica porque o índice de feminicídio é muito alto, e as barbáries que acontecem contra as mulheres. Fizemos esse trabalho 100% artesanal, fizemos numa simplicidade, mas de uma beleza de mensagem, de reflexão. Os sapatos por si só falam, e a gente perde esse protagonismo, os sapatos tomam conta da cena”, afirma Daise Coimbra, idealizadora da exposição.

Índice de feminicídio

Entretanto, a motivação por trás da mostra é o alarmante índice de violência contra as mulheres em todo o mundo. Segundo dados da Procuradoria Especial da Mulher da Ales, só no Espírito Santo, de janeiro a março de 2023, 21 mulheres foram vítimas de homicídio – sendo oito feminicídios. Neste ano, no mesmo período, já são 20 assassinatos com vítimas do sexo feminino. Dessas, oito morreram apenas por serem mulheres.

Dessa forma, para o presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (Podemos), ações como essa são importantes para conscientizar a população e quebrar o ciclo de violência doméstica e familiar. De acordo com o parlamentar, é fundamental que mulheres ocupem espaços e conquistem sua independência. 

À frente da Procuradoria Especial da Mulher, a deputada Iriny Lopes (PT) acredita que trazer o debate sobre violência de gênero em forma de arte faz com que a mensagem seja certeira.

Para ela, esse é um mês de reflexão, de questões legais, objetivas e responsabilidades que o Estado tem para com as mulheres.

Conforme explica a parlamentar, a outra parte é a mais difícil de ser atendida. Ou seja, a parte que diz respeito à dependência emocional que as mulheres têm com seus agressores.

“Não só com marido, namorado, companheiro. É de todo mundo. A admissão de que eu tenho uma dependência emocional é o caminho para rompê-la. Porque se eu tenho uma dependência, alguém está em débito comigo (…) faz parte de um modelo de sociedade”, reflete a parlamentar. 

Para Iriny, sem compreensão, não haverá mudança e não conquistaremos a igualdade. “Sem tirar nenhuma responsabilidade, queremos todos os aparelhos de Estado funcionando. Mas temos que caminhar, (…) queremos isso o mais rápido possível”, conclui. 

A exposição

A exposição “Passos Firmes Contra a Violência às Mulheres” consiste em 180 peças de sapatos feitos em argila e pintados em vermelho, simbolizando o sangue derramado pelas vítimas. Na Assembleia os calçados estão dispostos na escadaria do hall de entrada. Em seguida, dispostos em duas instalações circulares. Uma representa o ciclo da vida das mulheres, passando pela tenra infância, pré-adolescência, adolescência, vida adulta até chegar à terceira idade. Cada sapato recebe o nome de uma vítima de feminicídio com sua respectiva idade. 

“Na espiral da vida (…), nós começamos com sapatos de bebês (…) até sapatos de senhoras, até os sapatos das avós, mostrando que em qualquer momento, e ciclo, e fase da nossa vida somos vulneráveis aos ataques dessas pessoas cruéis (…). É horripilante… os requintes de crueldade desses assassinatos que cada vez mais têm estarrecido a sociedade”, pondera Daise. 

Contudo, o outro círculo, é forma-se por peças que foram quebradas durante o processo de fabricação. As mesmas representam a interrupção da vida das vítimas de violência de gênero, seja de forma breve ou definitiva. 

“(…) Partimos pra dureza da quebra dos nossos sonhos. A parte que me foi tirada, que me foi mulher, tirada pelo meu irmão, marido, vizinho, colega de trabalho, pelo meu chefe. Eu fiquei só com uma parte, em algumas vezes, em algumas vezes eu fiquei com nada. Isso aqui é mais concreto e objetivo que um sapatinho inteiro, porque todas as mulheres têm uma parte de si tirada de maneira violenta”, analisa Iriny Lopes.

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