Esta terça-feira (23), marca um mês da enchente que devastou Mimoso do Sul, Bom Jesus do Norte e Apiacá, e deixou rastros em outras cidades, como: Alegre, Guaçuí, Muqui, Muniz Freire, Vargem Alta e Cachoeiro de Itapemirim. A madrugada do dia 23 de março, um sábado, está marcada na memória dos moradores dessas cidades.
Durante o momento crítico das chuvas na região, 20 mil pessoas ficaram desalojadas e outras 510 ficaram desabrigadas. Foram 20 o total de mortes causadas pela enchente: 18 somente no município de Mimoso do Sul, e outras duas em Apiacá. Duas pessoas, uma de Mimoso do Sul e outra de Apiacá, seguem desaparecidas.
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Entre os municípios que possuem estação meteorológica do Cemaden, Bom Jesus do Norte recebeu 295.4 mm de chuva entre o dia 22 de 23 de março. O rio Itabapoana subiu 6,75 metros acima do nível normal e 4 mil pessoas foram atingidas. Vários prédios públicos foram afetados, entre eles: escolas, unidades de saúde, e as Secretarias de Obras, Saúde, Agricultura, além do prédio administrativo da Prefeitura.
No município vizinho, em Apiacá, casas, comércios e prédios públicos na sede da cidade foram completamente devastados com a enchente.
Mimoso do Sul registrou a pior enchente de sua história
A situação mais grave foi em Mimoso do Sul, que recebeu 228 mm de volume de chuva entre a noite do dia 22 e a madrugada do dia 23. No município, vidas foram perdidas, carros arrastados pela correnteza e casas destruídas. As ruas ficaram cheias de lama, casas destelhadas, carros revirados e lixos acumulados.
“A cidade a gente não recupera com cinco anos, dez anos. Isso aí não vai recuperar. Quantidade de lojas, 90% do nosso comércio foi todo atingido completamente”, lamentou o chefe do Poder Executivo de Mimoso do Sul.
Um mês após a tragédia, a cidade tenta se reerguer com a ajuda de outros municípios do Estado e do Governo do Espírito Santo. Uma vez por semana, o governador tem visitado a cidade e na última semana liderou um mutirão de limpeza das ruas.
No dia 11 de abril, foi divulgado, pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o Mapeamento das áreas afetadas por inundação no município de Mimoso do Sul. A metodologia aplicada para a identificação das áreas afetadas por inundação apontou que, na sede do município, foram atingidos 3.989 imóveis. Um total de 2.996 casas, 12 escolas, 29 estabelecimentos de saúde, 806 comércios e 29 igrejas. Outros distritos atingidos foram Ponte de Itabapoana, Santo Antônio do Muqui e Conceição do Muqui.
Enchente devastou cidades do Caparaó
Em Alegre, 535 famílias foram atingidas pelas chuvas. Pelo menos 2.324 pessoas perderam praticamente tudo. Na cidade, o volume superou em quase 50% o previsto pelo alerta vermelho do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), para aquelas 24 horas. Foram 156,21 milímetros de chuvas acumulados.
Na sede da cidade, o bairro mais afetado foi Vila do Sul. Os distritos de Anutiba, Café, Rive e Celina também sofreram com o forte temporal.
Em Guaçuí, a chuva deixou mais de 800 pessoas desalojadas. O nível do rio Veado, que corta a cidade, subiu e ficou 6 metros acima do nível normal, alagando ruas e casas. Pessoas tiveram que ser resgatadas pela Defesa Civil. Guaçuí registrou um acumulado de 149,42 milímetros de água da chuva em 24 horas.
No município de Jerônimo Monteiro, ruas foram tomadas pela forte correnteza que se formou após o temporal. Segundo informações da Prefeitura, a chuva, que começou por volta das 23h do dia 22, diminuiu às 3h do dia 23, elevando o nível do rio que corta a cidade, o que causou uma enxurrada que arrastou tudo o que tinha pela frente. Na rua principal da cidade, até placas de asfalto foram arrancadas com a força da água.
Além do centro da cidade, três outros bairros foram muito afetados: Santa Clara, Parada Cristal e Pedregal. Em algumas casas, o nível da água chegou até o telhado, fazendo com que famílias perdessem tudo o que tinham.
Nível do rio Itapemirim causou preocupação em Cachoeiro
Em Cachoeiro de Itapemirim, além da chuva, a grande preocupação foi a elevação do rio Itapemirim. Na noite do dia 23, ele chegou a atingir 3,80 metros acima do nível normal, mas começou a baixar nas horas seguintes.
No entanto, os moradores do distrito de Pacotuba tiveram transtornos. Cerca de 64 famílias foram atingidas, sendo 54 crianças, 24 idosos e 7 pessoas com deficiência. Dessas 64 famílias, 37 foram alojadas com amigos e parentes. Já, outras 27 foram mantidas em abrigo público.
No distrito de Coutinho, 19 famílias foram atingidas e 6 precisaram de abrigo público. Dessas, 13 foram alojadas com amigos e familiares.
Em Vargem Alta, na região Serrana, 100 pessoas ficaram desalojadas. Houve queda de poste na sede do município e falta de energia. Além disso, muitas ruas ficaram alagadas, queda de barreiras, árvores caídas, pontes destruídas e garagens soterradas.
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