Estádio da Desportiva Ferroviária pode se tornar patrimônio cultural
Fundada em 17 de junho de 1963, a então Desportiva Ferroviária Vale do Rio Doce resultou da fusão de cinco equipes de futebol formada por trabalhadores da Companhia

Palco de disputados jogos em âmbito estadual e até nacional, o estádio “Engenheiro Alencar Araripe”, conhecido por ser o estádio da Desportiva Ferroviária, localizado em Jardim América, em Cariacica, pode se tornar patrimônio cultural material do Estado do Espírito Santo.
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A proposta é da deputada estadual Janete de Sá, que protocolou na Assembleia Legislativa um projeto de lei com essa finalidade.
O patrimônio cultural material abrangeria o campo de futebol, as arquibancadas, a parte de trás do estádio (usada como área de treinamento) e a arquibancada que abriga o Complexo Municipal Educacional Público “Eliezer Batista”.
“Salta aos olhos a relevância do Estádio Engenheiro Araripe no contexto da história e na formação da cultura do povo capixaba, motivo pelo qual a aderência a esta proposição legislativa busca salvaguardar a memória do povo capixaba”, defende a deputada Janete em sua proposição.
História da Desportiva Ferroviária
Fundada em 17 de junho de 1963, a então Desportiva Ferroviária Vale do Rio Doce resultou da fusão de cinco equipes de futebol formada por trabalhadores da Companhia, sendo eles: a Associação Atlética Vale, o Ferroviário Sport Club, o Esporte Clube Guarany, a Associação Atlética Cauê e a Associação Esportiva Vale do Rio Doce.
A fusão dos clubes foi uma solução imposta pela então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – atual Vale – para a concentração de investimento financeiro em um único clube. Em contrapartida, em 1966 foi inaugurado o Estádio Engenheiro Alencar Araripe como forma de motivar a aludida fusão entre os clubes.
Marco fundamental na história e na cultural capixaba, sendo palco de inúmeras conquistas futebolísticas e eventos de relevância nacional, o Monumental recebeu o nome de Engenheiro Alencar Araripe como homenagem póstuma ao engenheiro Delecarliense de Alencar Araripe que foi diretor da CVRD, tendo falecido em 1964 sem ver a conclusão do referido estádio.
Importante destacar que neste contexto, a Desportiva Ferroviária venceu o clube América-RJ por 3×1 no jogo de estreia no Estádio Engenheiro Araripe.
O estádio também foi palco da magistral apresentação da Seleção Brasileira, ocorrida em 1996, oportunidade em que derrotou a Polônia por 3×1.
Já em 2014, o Estádio Engenheiro Araripe foi utilizado pela seleção da Austrália para preparação da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil.
Outro ponto de importante relevância do Estádio Engenheiro Araripe e na consequente história da Associação Desportiva Ferroviária é que entre os anos de 1967 a 1968 sagrou-se com a maior série invicta da história do futebol nacional, somando incríveis 51 jogos sem derrotas, recorde que só veio a ser quebrado cerca de 10 anos depois.
Destaca-se também a importante participação na elite do futebol nacional, tendo figurado na 1ª divisão do campeonato brasileiro entre os anos de 1973 a 1982, assim, sendo o clube do Espírito Santo com maior permanência e maior quantidade de gols marcados.
Em 17 de março de 1976, a Locomotiva Grená, como também era chamado o time da Desportiva, conquistou mais um feito. Venceu a equipe do Fluminense, a “Máquina Tricolor”. A vitória histórica também marcou a despedida do zagueiro Elci da carreira de jogador.
Já em 1982 revelou Geovani Silva, talentoso meio campista que também era conhecido à época como o Pequeno Príncipe, tendo vencido no mesmo ano o campeonato estadual nas categorias Júnior, Juvenil e Profissional, sendo considerado, com tranquilidade a maior estrela revelada pelas divisões de base da “Tiva”, vindo jogar posteriormente no Vasco da Gama e na Seleção Brasileira de Futebol.
Já em 1990 disputou a Copa do Brasil sendo eliminada pelo Botafogo-RJ por 2×1 no Rio de Janeiro após um empate por 1×1 em terras capixabas.
Contudo, após a privatização da CVRD, em 1996, o clube iniciou a fase mais crítica em sua história, oportunidade em que perdeu integralmente o apoio que recebia da Companhia resultando no rebaixamento para a 3ª divisão do campeonato nacional.
Já em 1999 tornou-se clube-empresa, tendo 51% de suas cotas adquiridas pelo Grupo Frannel Distribuidora de Combustível. Posteriormente, as cotas foram revendidas ao Grupo Villa-Forte.
Em 2011, a Justiça Estadual determinou o retorno do nome do clube para Desportiva Ferroviária, considerando manobra aplicada pelo Grupo Villa-Forte.
Já em 2012, retornou a elite do futebol capixaba ao superar o clube Estrela do Norte, sendo bicampeão da Copa Espírito Santo.
Sua última participação expressiva no cenário nacional ocorreu em 2016, quando foi eliminada pelo clube Operário-PR na fase de mata-mata da Série D do campeonato nacional.