Um projeto do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) de Alegre, com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES), une o estudo do ciclo das células nas escolas de ensino médio à percepção de problemas ambientais que ocorrem onde a comunidade escolar está localizada.
A proposta emprega “uma sequência didática investigativa” que promove o aprendizado do ciclo celular de modo integrado à análise da qualidade da água nas comunidades.
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Programa de Iniciação Científica Jr
O projeto, que faz parte do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), da Fapes, foi pensado a partir da demanda relacionada à dificuldade de uma média significativa dos alunos em assimilar informações consideradas básicas dentro da disciplina de Biologia.
Segundo a doutoranda e professora do ensino médio, Maria Nilza, uma das idealizadoras do projeto, os estudantes do ensino básico, em sua maioria, relatam dificuldades na compreensão do ciclo celular.
“O emprego de termos e conceitos difíceis, a percepção do processo e o entendimento dos eventos microscópicos e moleculares têm sido considerados complexos, abstratos e distantes da realidade dos estudantes”, disse a professora.
Interesse da comunidade pelo universo acadêmico
Para a Professora do Departamento de Biologia Celular da Ufes e coordenadora do projeto, Tatiana Silva Souza, o elo entre o conhecimento do comportamento celular e o interesse dos alunos, também surgiu da percepção da crescente ampliação da preocupação com o Meio Ambiente, à qual esta geração de estudantes se revela mais atenta, ou pelo menos mais informada.
“A biologia tem um peso disciplinar importante para muitas carreiras. Se por um lado, muitos alunos apresentam dificuldade ou falta de estímulo para interpretar o conteúdo de sala de aula por conta própria, ensiná-los a perceber que as alterações do ciclo celular podem identificar problemas ambientais em suas comunidades foi uma ideia que já apresentou retornos”, afirmou Tatiana.
Ela acredita que projetos são pontes entre as comunidades e o universo acadêmico. E essa ligação também abre portas de oportunidades para a carreira científica. A iniciativa está em fase piloto de implantação, mas será apresentada e ampliada para toda a região.
“É por meio de ações assim que alunos descobrem aptidões, interesses e vocações para conseguirem vislumbrar um caminho e idealizar um planejamento. O conhecimento científico é abrangente. Torná-lo aplicável ao dia a dia dos estudantes e nas comunidades, sobretudo pelo viés da Sustentabilidade Ambiental, é torná-lo atraente, tanto para dar significado ao que se aprende em sala de aula, quanto para formar cidadãos com propósitos”, completou.
O projeto
Uma parte das atividades foi realizada na EEEFM Professora Hosana Salles, em Cachoeiro do Itapemirim, para alunos do projeto que também puderam passar um dia inteiro no laboratório da Ufes, conferindo as análises e entendendo os resultados.
As coletas de água foram realizadas no córrego próximo à comunidade escolar, que está sob influência da ação humana e de resíduos do beneficiamento de rochas ornamentais e das indústrias de produtos alimentícios.
Conforme a coordenadora do projeto, foi empregado com o método o ensaio de citotoxicidade e de toxicidade genética com Allium cepa, que identifica os efeitos da ação de substâncias tóxicas nas células, avaliando a integridade da membrana, o DNA e o cilco celular.
“Isso possibilitará o reconhecimento e o entendimento de um ciclo celular normal, de sua atividade nucleolar e a identificação de alterações decorrentes de agentes ou toxinas presentes no córrego, dentre os que possuem potencial de interagir com o material genético e proteínas e estruturas da divisão e reprodução celular”, explicou Tatiana.
Além disso, o projeto possibilita que alunos se tornem orientadores dentro de suas escolas e os primeiros alunos bolsistas já estão aptos a atuar, transmitindo o que aprenderam como monitores escolares.
Os bolsistas deverão agora desenvolver recursos didáticos como modelos, jogos e folder sobre o tema, além de materiais permanentes para análises microscópicas.Todo o material produzido será disponibilizado para compor o acervo do laboratório de ciências das escolas parceiras.
Fonte: Prefeitura de Alegre
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