Mulheres na Ciência: mais de 50 projetos são selecionados
O edital recebeu propostas de projetos científicos de todas as oito grandes áreas do conhecimento
Com o objetivo de promover equidade de gênero na ciência, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) lançou, no final de 2023, a segunda edição do Edital Mulheres na Ciência (edital 21/2023). Ao todo, 157 propostas de projetos científicos, tecnológicos e de inovação coordenados por mulheres capixabas cientistas foram inscritas e, desse total, 51 estão selecionadas no resultado final divulgado, nesta sexta-feira (05), pela Fapes.
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A partir da 2ª edição do edital, o Governo do Estado, por meio da Fapes, reafirma o compromisso em promover ações afirmativas para mulheres alinhadas ao Plano Estadual de Políticas para as Mulheres do Espírito Santo. A iniciativa busca ainda estimular o desenvolvimento de pesquisas lideradas por mulheres no Estado, consolidando o Espírito Santo como um polo de excelência e inclusão na área científica.
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O edital recebeu propostas de projetos científicos de todas as oito grandes áreas do conhecimento defendidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): Ciências Exatas e da Terra; Ciências Biológicas; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências Humanas; e Linguística, Letras e Artes.
Foram disponibilizados R$ 5,3 milhões para financiar as propostas selecionadas. O recurso é proveniente do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec).
Caso de sucesso da 1ª edição do Edital Mulheres na Ciência
Em junho de 2022, a Fapes lançou o edital inédito de apoio às pesquisas científicas coordenadas por mulheres no Estado, com investimento de R$ 1,5 milhão. Ao todo, 72 propostas foram submetidas, sendo 45 projetos contratados.
Um dos projetos em destaque é a nova ferramenta para o combate à violência contra a mulher lançada em setembro de 2023. O aplicativo gratuito foi desenvolvido pelo Programa de Extensão e Pesquisa Fordan, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com o apoio da Fapes. O projeto, que é da área das Ciências Humanas, é coordenado pela doutora em Ciências Jurídicas e Sociais da Ufes, Rosely Silva Pires, e recebeu da Fundação R$ 49,8 mil.
“O recurso fez toda diferença para criar uma ferramenta que fosse humanizada e funcional para o apoio às mulheres vítimas de violências, além de se aproximar de uma política pública que fosse efetiva em acolher as vítimas e seus filhos, com suporte financeiro, físico e emocional, com a contratação de equipe multidisciplinar. A partir do apoio da Fapes, a gente conseguiu remunerar a equipe da área de tecnologia para desenvolver o aplicativo, a equipe jurídica que acompanha as mulheres, e a equipe de saúde para tratar violências físicas e psicológicas”, destacou Rosely Pires.
Foi projetada uma tela inicial no App com a frase “Você não está sozinha” e, com base nas informações inseridas (religião, identidade de gênero, orientação sexual, deficiência física e ainda se pertence a uma comunidade quilombola ou alguma aldeia indígena), o aplicativo vai gerar um banco de dados com um mapeamento completo sobre quais mulheres estão enfrentando dificuldades com medidas protetivas, quais boletins de ocorrência não estão sendo devidamente registrados e, mais importante, identificar as principais vítimas de feminicídio.
Os desenvolvedores do projeto criaram uma possibilidade essencial para a mulher agilizar a denúncia de violência sofrida e sem ter o desgaste emocional de se dirigir à delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência. Outras grandes facilidades estão no fato de poder pedir medida protetiva urgente e pedido de pensão alimentícia. Nos casos urgentes de violência, o App oferece a possibilidade de a mulher poder acionar a função “chamar a polícia”, em que pode ser ligado o localizador do celular para facilitar a localização da vítima.
Dados do Ipea e Unesco sobre a desigualdade entre gêneros na ciência
A participação feminina em diversas áreas do conhecimento tem comprovadamente crescido, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em 2021, que demonstra que as mulheres eram cerca de 54% dos estudantes de doutorado no Brasil, o que representa um aumento impressionante de 10% nas últimas duas décadas.
Entretanto, a luta por equidade de oportunidades de gênero e de raça é uma jornada que ainda está sendo percorrida. Quando se trata de representação da mulher na ciência, tecnologia e inovação, elas estão em número bem menor.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres, ou seja, ainda há um número baixo de mulheres nos campos científicos.
Outro dado que reforça a importância de ações afirmativas para o combate à desigualdade de gênero é o Prêmio Nobel, que até a atualidade premiou 901 homens e apenas 63 mulheres.
Serviço:
Resultado final do Edital 21/2023 – Mulheres na Ciência: clique aqui e acesse
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