Milhares de devotos participaram na última segunda-feira (5), da Missa em louvor a Padroeira de Presidente Kennedy, Nossa Senhora das Neves. A Missa presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa CP, foi concelebrada pelo pároco, Antônio Nazareth e demais presbíteros presentes.
A Eucaristia foi celebrada em uma área coberta em frente ao Santuário das Neves com infraestrutura de palco, som e iluminação. Com uma grande participação de fiéis, muitas pessoas elogiaram a estrutura da festa. “Venho há treze anos aqui (Festa das Neves), e posso dizer que melhorou muito, também cresceu bastante o número de romeiros. Isso é maravilhoso e Nossa Senhora das Neves merece!” Expressou o romeiro Renato Luiz Dias, 53 anos, morador de Marataízes.
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Enquanto acontecia a missa campal, milhares de pessoas que chegavam ao Santuário se espalhavam no entorno da igreja.
Na área do Santuário não faltaram demonstrações de fé e agradecimento. Claudiomar Muniz organizou uma caravana que saiu de Piúma. Devota de Nossa Senhora das Neves, a romeira de 60 anos diz ter herdado o amor pela Santa da avó. “Minha avó, já era muito devota de Nossa Senhora das Neves, passou essa devoção para minha mãe que, por sua vez, passou para mim. Sou muito devota mesmo! Fiz uma promessa à Nossa Senhora da Neves, para uma cura nos joelhos, ainda não recebi meu milagre, mas tenho certeza que no tempo certo, serei abençoada, por isso, já estou aqui para agradecer”, contou.
Missa de Nossa Senhora das Neves
A celebração aqueceu os corações do devotos e fiéis, que demonstraram todo seu amor cantando e louvando Nossa Senhora das Neves. Emocionada, Juliana Damas Soares, 38 anos, veio de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, para agradecer sua gravidez.
“Estava tentando engravidar já faziam mais de 3 anos e não conseguia, então pedi intercessão à Nossa Senhora das Neves durante a romaria, no ano seguinte participei da romaria novamente perseverando no meu pedido, mas eu já estava grávida e não sabia. Hoje meu milagre está com 2 anos e 3 meses.”
A Festa também foi cenário para um grande manifesto popular. Dezenas de romeiros colheram um abaixo-assinado contra o Porto Central. “O que acontecerá com a segunda maior festividade religiosa do Espírito Santo, se o Porto Central for construído na foz do rio Itabapoana, como fica nossa fé? Questionavam os militantes que, munidos de uniformes, cartazes, panfletos e abaixo-assinado, expuseram os riscos que o porto representa para tradição religiosa, para os bens naturais do seu entorno, como a restinga e os alagados, e também para a pesca artesanal e para as mulheres e meninas da região.
“Somos contra a Licença de Instalação da Fase 1 dada pelo Ibama ao Porto Central! O Santuário das Neves está diretamente ameaçado com a construção do porto que pretende ilhar este patrimônio. Pescadores e comunidades não tiveram direito a consulta prévia, livre, informada e de boa fé! Não há medidas que compensem a destruição das práticas culturais no Patrimônio das Neves, nem para o fim da pesca e nem para as próximas gerações que vivem nos territórios que serão impactados pelo porto. Nós, abaixo assinados, dizemos NÃO AO PORTO CENTRAL!”, afirma a petição, que teve grande adesão entre os romeiros, segundo relatam os ativistas.
Dezenas de comerciantes instalaram barracas transformando a imensa área, numa feira ao ar livre, com vendas dos mais variados produtos desde confecções, calçados, bijuterias, utensílios domésticos, lanches e salgados em geral.
Santuário das Neves
Originalmente construído em madeira pelos jesuítas, em meados do século XVII, o Santuário das Neves foi reconstruído em alvenaria, com a ajuda de índios catequizados e escravos, em torno do ano de 1694.
A imagem da padroeira veio de Portugal em 1750. Ela foi restaurada uma única vez, em 1995, depois passou por um processo preventivo de descupinização e, em 2017, foi inteiramente restaurada.
A pequena igreja localizada na Praia das Neves, a 27 km do centro de Presidente Kennedy, fica “perdida” no meio da restinga e chegou a enfrentar a ganância de caçadores de tesouro, que fizeram várias escavações por baixo da igreja em busca do suposto ouro deixado pelos jesuítas, quando foram expulsos do Brasil em 1759.
Erguida com pedras dos arrecifes, argamassadas com cal, com paredes estruturais de pedras, o telhado da igreja que foi construída pelo padre jesuíta José de Almeida encontra-se encoberto com armação em madeira, fechado por telhas de barro do tipo canal. O Santuário faz parte do projeto “Caminho dos Santuários” que consiste na reconstituição e institucionalização da rota percorrida regularmente por São José de Anchieta, nos seus últimos dez anos de vida (de 1587 a 1597). O trajeto inclui a antiga Vila de Rerigtiba, atual município de Anchieta, o Santuário Nacional de São José de Anchieta e o Santuário de Nossa Senhora das Neves, na cidade de Presidente Kennedy, no Espírito Santo.
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