“Um bom chá verde é aquele que você coloca na boca e te acolhe, te dá um momento gostoso”, diz a chef Telma Shiraishi, do restaurante Aizomê e do Aizomê Café, um dos mais bem cotados da cidade. Telma é apaixonada pela bebida mais consumida no Japão, tanto pelo sabor e pela tradição quanto pelos benefícios à saúde.
A bebida feita a partir das folhas da planta Camellia sinensis tem, em sua composição, antioxidades e cafeína, dupla que ajuda a proteger regiões do cérebro associadas à memória e ao aprendizado. Aliás, há estudos que associam o consumo de chá verde à redução do colesterol.
Leia também: Evento reúne vinho, gastronomia e MPB nas montanhas do ES
No entanto, são muitos os tipos de chá verde. Dependendo do tempo de colheita e dos processos de produção, a bebida tem variações de cor e de sabor. Por ser tão múltiplo, ele pode ser harmonizado com sabores salgados e doces. Telma Shiraishi é categórica ao afirmar que a bebida que mais combina com sushis e doces japoneses é o chá verde. “No Japão tem um para cada momento do dia”, conta.
A sommelier de chás Paty Akemi, proprietária de uma casa especializada na bebida, a Mori Chazeria, acrescenta: “Temos chás tostados, outros mais frescos, com notas florais, mais frutados; tudo isso faz com que essa complexidade de sabores torne o chá verde uma bebida muito interessante quando harmonizada com a comida”.
Segundo a sommelier, ainda há resistência de muitas pessoas em tomar chá verde por conta do amargor da bebida – no entanto, este nem sempre é o sabor predominante no chá verde. “Há o frescor, o dulçor, muitas vezes umami, o salgado, notas muito bonitas de sabor e aroma no chá verde, você só precisa entender qual é o seu sabor preferido”, explica.
Praticidade
Aliás, com tanta versatilidade e benefícios, por que não incluir o chá verde no dia a dia? Uma boa maneira de começar a experimentá-lo é optar pelas versões em saquinhos disponíveis nas prateleiras dos supermercados. Sendo assim, a Paladar selecionou 14 marcas para o teste. Dessas, quatro marcas foram desclassificadas pelo júri por apresentarem alguma contaminação por sabor, geralmente de outras ervas, como hortelã, carqueja, camomila…
“Tivemos que ignorar algumas marcas porque elas apresentaram contaminação de sabor, não sabemos em qual parte do processo”, diz o especialista em chás Benício Coura.
Contudo, uma curiosidade a respeito do teste – realizado às cegas em uma tarde quente na Mori Chazeria, no bairro dos Jardins, em São Paulo – foi o fato de as três marcas melhor avaliadas serem brasileiras.
O processo
Isso porque durante o teste, o time de jurados provou chás em saquinho preparados na hora segundo o modo de preparo descrito em suas respectivas embalagens. Nesse ponto, algumas marcas deixaram a desejar. “De maneira geral, os rótulos são mal formulados porque não existem na indústria especialistas em chá para avaliar o sabor ideal desse chá para entregar ao consumidor”, avalia Benício Coura.
No entanto, para Cleo Reis, que detém o título de melhor sommelier de chá do País, uma embalagem que traz explicações precisas indica um maior cuidado do fabricante com o chá que ele está oferecendo ao consumidor.
Portanto, os jurados tiveram tempo para degustar cada um dos chás, sentir os aromas das folhas antes e depois da infusão em água quente e observar critérios como cor, amargor, dulçor, umami e complexidade de sabores. “Aliás, deu para notar muita diferença de qualidade e ver que temos muita coisa boa aqui no Brasil”, afirma Cleo Reis.
As três melhores
1º AMAMOTOYAMA
Nosso campeão da foi avaliado como muito próximo de um autêntico chá verde japonês. Com boa granulometria e bem redondo, apresentou notas complexas, umami e aroma bastante presente. “Uma grata surpresa”, conforme avaliou um dos jurados.
(R$ 8,50, 30g ou 15 sachês)
2º AMAYA
O chá que ocupa o segundo lugar no ranking apresentou corpo interessante, além de aroma intenso e bem equilibrado. No quesito sabor, apresentou notas que remetem a milho e aspargo, além de um amargor agradável. Perfeito para quem está começando a se encantar com o sabor do chá verde.
(R$ 8,90, 30g ou 15 sachês)
3º MYAMAMOTOYAMA Orgânico
Um chá de sabor delicado, adocicado e floral. Aroma suave, umami leve e presente e boa complexidade de sabores. A embalagem recomenda infusão de 1 minuto para o preparo do chá, mas os jurados avaliaram que 2 minutos é o tempo ideal para extrair o melhor deste chá.
(R$ 12,10, 30g ou 15 sachês)
Outras marcas avaliadas
Ahmad Tea
Um chá com muitos defeitos de processamento. A impressão de sabor foi de folhas de chá velhas, já bastante oxidadas. A acidez metálica também não agradou.
(R$ 15,40, 20g ou 10 sachês)
Organic
Um chá avaliado como “flat”, sem brilho e de pouca complexidade. Não entregou nem sabor, nem aroma.
(R$ 12,10, 13g ou 10 sachês)
Taeq
O sabor fresco e agradável remete ao do chá preto. Um dos jurados apontou uma acidez que não deveria estar presente em um chá verde.
(R$ 8,59, 24g ou 15 saquinhos)
Teekanne
Um chá com leve adstringência que remete ao sabor do chá verde chinês. Foi identificado um amargor pouco agradável na bebida. Contudo, as folhas contidas no saquinho se desprendem
durante a infusão.
(R$ 42,00, 35g ou 20 sachês)
The Vert
Apresentou coloração muito escura, folhas muito picadas e sem nenhuma nota aromática. Na boca, a sensação metálica no final não agradou. No entanto, os jurados também apontaram falta de complexidade de sabores.
(R$ 16,80, 50g ou 25 sachês)
The Vert de Chine
“Lembrou chá de erva-mate”, atestou um dos jurados. O sabor doce e caramelado ficou distante do esperado para um chá verde. Aroma e sabor foram avaliados como fracos, apesar de serem agradáveis. (R$ 14,60, 40g ou 20 sachês)
Twinings
“Sabor de chá velho”, anotou um dos jurados. Aliás, o chá também apresentou sabor residual metálico e um amargor negativo muito presente. “Não tem perfil de chá verde”, atestou outro integrante do júri.
(R$ 25,99, 20g ou 10 sachês)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadao Conteudo
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta clicar aqui.