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Saúde e Bem-estar

Secretaria de saúde alerta para o câncer infantojuvenil no ES

De janeiro a agosto de 2024, o Espírito Santo registrou 138 novos diagnósticos de câncer infantojuvenil no Estado.

Por Redação

6 mins de leitura

em 05 de set de 2024, às 13h39

Foto: Divulgação/Pixabay
Foto: Divulgação/Pixabay

A Secretaria da Saúde (Sesa) tem como objetivo alertar pais, profissionais da saúde, educadores e toda a sociedade sobre a importância de reconhecer precocemente os sinais e sintomas sugestivos de câncer em crianças e adolescentes. E a campanha “Setembro Dourado” reforça a importância do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento adequado ao câncer infantojuvenil.  

O câncer infantil é aquele que se manifesta desde o nascimento até os 14 anos de idade. A fase juvenil abrange a partir dos 15 anos, com variações no limite superior, que geralmente oscilam entre 19 e 21 anos, dependendo dos estudos e instituições de tratamento.

A médica oncologista pediatra e mestre em Saúde Coletiva do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, Gláucia Perini Zouain Figueiredo, salienta que o câncer é uma doença grave, passível de prevenção com hábitos saudáveis de vida em cerca de 30% nos adultos.

“Mas em crianças e adolescentes, as associações causais e os possíveis mecanismos envolvidos em sua gênese permanecem desconhecidos, não sendo possível preveni-lo. Diferente também do adulto, não há exames para rastreamento para o câncer infantil, exceto para o Retinoblastoma (RB) em todas as crianças, e para algumas crianças acometidas por condições genéticas predisponentes ao aparecimento do câncer”, ressalta a médica.

Ela esclarece que é de suma importância que a família reconheça os sinais de alerta, favorecendo o diagnóstico em estágios iniciais quando as chances de cura são maiores e as sequelas menores.

“Inúmeros estudos nacionais e estrangeiros demonstram claramente que a sobrevida é inversamente proporcional ao avanço da doença, com diferença marcante para a doença localizada, reafirmando os benefícios de intervenções terapêuticas precoces”, completa Gláucia Zouain.

Os sinais e sintomas dependem da localização e do grau de espalhamento da doença, que geralmente vêm em conjunto, são persistentes e progressivos.

A criança e o jovem podem ter bom estado geral no início do quadro, o que dificulta a relação com a doença de tamanha gravidade. Algumas vezes, na primeira consulta, pode não haver dados suficientes para a suspeita, já que se trata de doença infrequente, com sintomas inespecíficos e comuns a doenças benignas e habituais.

Alguns elementos genéticos e mutações no DNA das células podem predispor crianças e adolescentes ao desenvolvimento da doença. Além disso, algumas síndromes genéticas estão associadas a um risco aumentado de certos tipos de câncer. É importante o retorno ao médico, casos os sintomas persistam.

Sintomas

Os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil variam conforme a localização e o grau de disseminação da doença. Frequentemente, esses sintomas surgem de maneira conjunta, são persistentes e tendem a se agravar com o tempo.

A leucemia, que é o tipo mais comum de câncer em crianças, pode manifestar-se por meio de palidez, surgimento de manchas roxas ou sangramentos sem explicação aparente, além de febre persistente por mais de sete dias sem causa identificada, dores no corpo, falta de apetite, irritabilidade, e dores ósseas ou articulares difusas.

As ínguas, que são linfonodos aumentados, são comuns em crianças e geralmente estão associadas a processos infecciosos. No entanto, as ínguas que levantam suspeitas são aquelas que apresentam características como grande tamanho, consistência endurecida, são indolores, fixas e não têm sinais de infecção subjacente.

Vômitos e dores de cabeça, especialmente pela manhã, juntamente com sinais neurológicos, como diminuição da força muscular, alterações na marcha ou na visão, podem indicar a presença de um tumor no sistema nervoso central. Além disso, em crianças menores de 3 anos o aumento anormal do perímetro craniano pode ser um sinal de alerta para tumores nessa região.

A médica Gláucia Zouain salienta que todos estes são sinais de alerta e não de diagnóstico da doença.

“São sinais que são comuns a doenças muito mais frequentes na pediatria e devem servir para que o médico ou o pediatra inclua o câncer como possibilidade diagnóstica entre outras afecções. É o médico que vai avaliar quais exames devem ser feitos para o esclarecimento diagnóstico”, adverte.

Tipos de tratamento

O tratamento do câncer infantojuvenil varia conforme o tipo e o estágio da doença. As principais modalidades terapêuticas incluem quimioterapia, cirurgia, radioterapia e, em alguns casos, o transplante de medula óssea.

De acordo com o caso, também podem ser prescritas a terapia-alvo, que utiliza medicamentos que agem especificamente em moléculas envolvidas no crescimento e na sobrevivência das células cancerosas, causando menos danos às células normais, e a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerosas de forma mais eficaz.

Onde buscar atendimento no Espírito Santo

No Espírito Santo, o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, é a única Unidade de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) pediátrica que atende crianças e adolescentes com câncer proveniente de todo o Estado e também do leste de Minas Gerais e sul da Bahia.

O hospital oferece diagnóstico, tratamento e acompanhamento de crianças com câncer, dispondo de uma equipe multidisciplinar e encaminhamento da família para acompanhamento psicossocial. Nele, são realizados os tratamentos mais comuns com uso de quimioterapia, cirurgia e neurocirurgia.

A Radioterapia é realizada em outra instituição da cidade, no Hospital Santa Rita de Cássia em Vitória. Já os tratamentos de transplante de medula óssea (TMO) e a terapia local para Retinoblastoma são realizados em outros estados, via tratamento Fora de Domicílio (TFD).

O Núcleo de Tratamento de Oncohematologia (NTOH) do HINSG recebe, em média, 110 novos casos/ano e, atualmente, oferece assistência a 796 pacientes. Desses, 107 pacientes fazem uso da quimioterapia e 689 pacientes estão em acompanhamento.

Ao final do tratamento, os pacientes ainda são acompanhados por mais dez anos. Isso para detectar precocemente alguma recidiva da doença, que pode acontecer nesse período e também para acompanhar os efeitos após o tratamento.

Dados de câncer infantojuvenil no Espírito Santo

De janeiro a agosto de 2024, o Espírito Santo registrou 138 novos diagnósticos de câncer infantojuvenil no Estado. Em 2023, foram 274 novos diagnósticos (Painel-Oncologia – Brasil, gerado em 02 de setembro de 2024).

Em relação aos óbitos, segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), de janeiro a julho deste ano, foram registrados 17 óbitos em decorrência de câncer no público infantojuvenil. Em 2023, foram 37 óbitos.

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