Cultura

Cachoeiro conquista maior prêmio nacional de patrimônio cultural

O projeto premiado é o ‘Trilhas do Quilombo Monte Alegre’, que reúne um conjunto de ações realizadas no local de mesmo nome, no interior de Cachoeiro de Itapemirim, nos últimos anos.

Por Redação

4 mins de leitura

em 13 de dez de 2024, às 15h33

Foto divulgação
Foto divulgação

A Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense acaba de receber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a mais alta premiação na área da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro.

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O projeto premiado é o ‘Trilhas do Quilombo Monte Alegre’, que reúne um conjunto de ações realizadas no local de mesmo nome, no interior de Cachoeiro de Itapemirim, nos últimos anos. Essas iniciativas envolvem o grupo de Caxambu Santa Cruz, comandado pelas mestras Maria Laurinda Adão, Adevalmira Adão Felipe, Neuza Gomes Ventura e Geralda Nogueira Calixto.

O ‘Trilhas do Quilombo Monte Alegre’ é uma política de preservação e fortalecimento do caxambu, que ocorre por meio de ações diversas nas quais as quatro mestras são as protagonistas e responsáveis principais pela transmissão dos conhecimentos do caxambu e do quilombo, tais como oficinas, eventos, rodas de conversa e livros.

Para o prêmio, o projeto concorreu com cerca de 250 propostas de todo o território brasileiro, vencendo etapas estaduais e nacionais, ficando entre as 18 contempladas. A cerimônia oficial de entrega do prêmio deverá ocorrer em 2025.

Felipe Oliveira da Silva, técnico e pesquisador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Espírito Santo, afirma: “Pela primeira vez, o maior prêmio de patrimônio do país vem para o estado do Espírito Santo, e pelas mãos de mulheres negras, com mobilização e articulação social. Isso é louvável! É uma conquista importantíssima para a história cultural deste Estado”.

Vale ressaltar que os projetos que compõem o ‘Trilhas do Quilombo Monte Alegre’ foram realizados graças ao incentivo procedente de políticas públicas de fomento à Cultura (Editais Funcultura, Lei Rubem Braga e Lei de Incentivo à Cultura Capixaba – LICC) da Secretaria da Cultura, e ao apoio de outras instituições públicas e privadas (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cachoeiro de Itapemirim, ES Gás/Grupo Energisa e EDP), além de parceiros como o Instituto de Preservação do Patrimônio Cultural Ádapo e do Studio Inovar Arquitetura.

“Essa é uma conquista inédita e muito potente para a cultura do nosso Estado. Ver esse prêmio chegar pelas mãos das nossas mestras do Caxambu Santa Cruz nos enche de orgulho, já que são através delas que a cultura capixaba se manteve viva, preservada e atuante”, declarou o secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha, sobre a conquista.

O Prêmio

O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, de caráter nacional, é um concurso promovido pelo Iphan desde 1987, e se consolidou como o principal mecanismo de fomento às ações de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro que, em razão da sua originalidade, relevância e caráter exemplar, mereçam registro, divulgação e reconhecimento público. Em 2024, com o tema “Visibilidade de Gênero na Economia do Patrimônio” e em parceria com o Ministério das Mulheres, foram premiadas ações de excelência no campo do patrimônio cultural brasileiro realizadas entre os anos de 2021 e 2023, a partir de uma perspectiva de envolvimento, valorização e empoderamento de mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ em papéis protagonistas nas redes produtivas do patrimônio.

O projeto vencedor

O projeto “Trilhas do Quilombo Monte Alegre” é uma série de ações que foram desenvolvidas na comunidade de Monte Alegre, as quais giram em torno do Caxambu Santa Cruz e de suas mestras. O grupo foi titulado pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil no dia 10 de junho de 2008. A tradicional festa Raiar da Liberdade, que acontece no quilombo desde o ano de 1888, foi reconhecida este ano como Patrimônio Cultural do Espírito Santo, pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC).

“Os projetos realizados possuem como premissa básica a preservação do patrimônio local por meio da valorização e do empoderamento de seus portadores, e esse processo se dá pelo protagonismo dos mestres e das mestras, resultando no surgimento de jovens lideranças e na atração das novas gerações para a continuidade dessa riqueza cultural”, declara Genildo Coelho Hautequestt Filho, coordenador geral dos projetos da Associação.

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