Economia

Economia do ES cresce 1,2% em 12 meses até março 

Em meio a cenário desafiador, o setor de serviços (serviços, comércio e transporte) e a agropecuária cresceram segundo indicador calculado pelo Observatório Findes

Por Redação

7 mins de leitura

em 20 de jun de 2025, às 08h41

Foto: Marcello Casal | Agência Brasil
Foto: Marcello Casal | Agência Brasil

O cenário econômico atual vem se mostrando desafiador. Se por um lado as taxas de desemprego caírem e a renda do trabalhador aumentou, por outro a corrente de comércio reduziu, e a inflação e a taxa básica de juros (Taxa Selic) seguem elevadas.

Em meio a esse momento, a atividade econômica do Espírito Santo cresceu 1,2% no acumulado em 12 meses até março, porém, retraiu 1,2% no primeiro no trimestre deste ano. 

Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes) calculado pelo Observatório Findes e divulgado em coletiva de imprensa, na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), na manhã desta terça-feira (17/06).  

O 1º vice-presidente da Findes, Eduardo Dalla Mura, comenta sobre a importância de acompanhar os indicadores da economia capixaba. “O IAE-Findes é uma informação estratégica que antecipa a tendência da atividade econômica e propicia o acompanhamento dos diferentes setores e atividades econômicas do Estado enquanto ainda não estão disponíveis as informações oficiais para o PIB capixaba disponibilizados pelo IBGE com defasagem de dois anos”, aponta. 

Segundo as estimativas do IAE-Findes, no acumulado em 12 meses até março, o crescimento da economia capixaba foi influenciado pelos setores de agropecuária (5,5%) e serviços (2,4%), sendo que a indústria teve queda de 2,6%. Já a economia brasileira avançou 3,5% impulsionada por todos os setores: agropecuária (1,8%), indústria (3,1%) e serviços (3,3%). 

A gerente executiva do Observatório Findes e economista-chefe da Findes, Marília Silva, aponta que as perspectivas para 2025 são cautelosas. Nos primeiros três meses do ano, a atividade econômica do Espírito Santo recuo 1,2% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o IAE-Findes. O setor de Serviços cresceu 0,9%. Já a agropecuária e a indústria caíram 3,7% e 6,8%, respectivamente. 

No caso do setor de serviços, demais atividades de serviços (0,9%), transporte (0,8%) e comércio (0,4%) influenciaram positivamente o resultado. “Os aumentos do transporte aéreo de passageiros e da atividade de turismo impactaram positivamente o setor de transportes, que compensaram a retração observada no transporte de cargas. Somado a isso tivemos a alta nas vendas do comércio de artigos essenciais, como alimentos e artigos farmacêuticos”, comenta Marília. 

A queda da agropecuária foi influenciada pela atividade da agricultura, que caiu 11%, com destaque para o café, a pimenta-do-reino, a cana-de-açúcar, o milho, a banana, o tomate e o coco-da-baía. Já a pecuária cresceu 3,2% com os bons resultados da suinocultura e do segmento de aves e ovos. 

Enquanto isso, o desempenho da indústria é influenciado, principalmente, pelo setor extrativo que retraiu 16,3%. Já o segmento de construção apresentou leve queda de 0,2%, e a indústria de transformação ficou estável (0,0%) no período. Enquanto isso, a atividade de energia e saneamento teve crescimento de 5,8%. 

Segundo as estimativas do IAE-findes, o ano de 2025 deve encerrar com a economia do Espírito Santo retraindo 0,8%. “O número considera o retrato atual da economia, mas ele pode variar no decorrer do ano. Por isso, fazemos a atualização trimestralmente”, comenta Marília. 

Cenário nacional 

O primeiro trimestre de 2025 foi marcado por taxas de juros elevadas. Segundo o 1º vice-presidente da Findes, Eduardo Dalla Mura, esse cenário é desafiador para o empresário. “Os juros elevados encarecem o crédito, abalando a confiança dos empresários e restringindo o poder de compra dos consumidores. Quando fica mais caro pegar crédito, fica mais caro investir e o acesso a recursos de capital de giro, por exemplo, também se torna mais difícil. Ter taxas mais acessíveis é essencial para as necessidades do dia a dia das empresas”, aponta.   

Neste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros, realizou três aumentos da Taxa Selic, que chegou ao patamar de 14,75% ao ano. De acordo com a gerente executiva do Observatório Findes e economista-chefe da Findes, Marília Silva, o Copom justificou esses aumentos com base nas incertezas do cenário internacional e nos fatores da economia nacional, como a elevação dos preços, o aumento nas projeções da inflação para este ano pelo mercado e o mercado de trabalho aquecido. 

A inflação ao consumidor no Brasil chegou a 5,32% no acumulado em 12 meses até maio, ficando acima do limite superior (4,50%) da meta de inflação para o ano (3%). Na Região Metropolitana da Grande Vitória, na mesma base de comparação, segundo o IPCA do IBGE, a inflação está em 5,15%. Os principais aumentos de preços foram registrados nos grupos de alimentação e bebidas (7,62%), educação (6,47%) e saúde e cuidados pessoais (5,21%). 

Se por um lado a inflação e os juros estão altos, a trajetória positiva no mercado de trabalho contribuiu para sustentar o consumo das famílias, como explica o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diirr: “Assim como no Brasil, o Espírito Santo também foi marcado por um mercado de trabalho aquecido no primeiro trimestre. A taxa de desocupação no Estado no foi de 4%, um dos menores valores da série histórica e patamar abaixo da taxa média do país (7%). Além disso, o rendimento médio mensal do trabalho no ES acumulou um aumento de 10,5% em 12 meses até março (fechamento do trimestre), ficando cima do crescimento da inflação no período.” 

Segundo o economista, o crescimento da massa salarial acima da inflação mostra que os trabalhadores tiveram ganhos salariais reais, o que pode ter melhorado, em algum grau, a situação do consumo das famílias capixabas em tempos de inflação elevada. 

Mercado externo 

O Espírito Santo é um estado com alto grau de abertura econômica, o que significa que está mais suscetível ao que acontece fora do país. Esse é um dos fatores que fizeram com que o ES e o Brasil registraram resultados diferentes na atividade econômica do primeiro trimestre. Além disso, por ser um Estado com características estruturais diferentes da média nacional, em especial na agricultura e na indústria, não acompanhou o desempenho do país no trimestre. 

“No primeiro trimestre do ano tivemos um aumento da incerteza da política econômica global, devido às medidas de taxação das importações dos Estados Unidos, associada às tensões comerciais entre o país norte americano e a China. Os efeitos mais imediatos sobre o comércio exterior do Estado se deram pela redução nos preços internacionais das commodities exportadas pelo Espírito Santo, com destaque para o petróleo e o minério de ferro, explica a gerente executiva do Observatório Findes e economista-chefe da Findes, Marília Silva. 

No comércio internacional, o Espírito Santo registrou uma corrente de comércio de US$ 5 bilhões em no primeiro trimestre, valor 9,6% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. “Essa queda foi puxada, principalmente, pelas importações, que caíram 12,4%, devido a uma redução nas compras de veículos. Já as exportações contraíram 6,5%, pressionada pela redução nos preços internacionais das commodities”, explica Marília. 

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