Uma década após o rompimento em Mariana, o ES ainda vive as marcas da lama

Dez anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em Minas Gerais, o Espírito Santo ainda convive com os reflexos da maior tragédia ambiental do Brasil. O desastre, ocorrido em 5 de novembro de 2015, liberou cerca de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, destruindo o distrito de Bento Rodrigues e tirando a vida de 19 pessoas, sndo 18 confirmadas e uma que permanece desaparecida.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiCinco dias depois, a lama chegou ao território capixaba pelo Rio Doce, atingindo municípios como Baixo Guandu, Colatina e Linhares, até desaguar no mar em 22 de novembro. A enxurrada de rejeitos provocou a interrupção da captação de água. Além disso, devastou ecossistemas, matou peixes e impactou a vida de milhares de famílias que dependiam do rio para o sustento.
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Entre os efeitos imediatos estiveram: a poluição das águas, a mortandade da fauna e o comprometimento do abastecimento em várias cidades. Aliás, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo. O volume de rejeitos percorreu centenas de quilômetros, deixando um rastro de destruição nas margens e alterando o equilíbrio ambiental do Rio Doce e de sua foz.
Impactos no Sul do Estado
No Sul capixaba, o impacto foi sentido de outra forma. Com a paralisação das atividades da Samarco, em Anchieta, a economia do município entrou em colapso. A cidade registrou queda de R$ 20 milhões na arrecadação do ISS e perda significativa na participação do ICMS. A redução de receitas comprometeu obras, serviços públicos e projetos estratégicos, como o Cidade Digital, que previa levar internet gratuita a comunidades rurais.
Outros municípios, como Guarapari, Piúma, Cachoeiro de Itapemirim e Alfredo Chaves, também sofreram os efeitos da paralisação, principalmente nos setores de prestação de serviços industriais e comércio local. Para mitigar o desemprego, a Prefeitura de Anchieta firmou parcerias com o Sesi/Senai e o Sebrae, oferecendo cursos profissionalizantes e apoio ao empreendedorismo.
Nesta quarta-feira (5), o ex-prefeito de Anchieta, Fabrício Petri, que estava à frente da gestão municipal na ocasião, participa do podcast Jogo Aberto, do AQUINOTICIAS.COM. Ela vai falar sobre como esteve, como está e como será o município nos próximos anos, com a retomada das atividades da Samarco. A entrevista será ao vivo, a partir das 15h, no canal do Youtube do portal.
Retomada após rompimento de barragem
Em 2020, a Samarco iniciou a retomada gradual de suas operações nos complexos de Germano (Mariana) e Ubu (Anchieta). Inclusive, com previsão de atingir 60% da capacidade até o fim de 2024 e 100% até 2028. Aliás, a empresa investirá mais de R$ 3 bilhões na modernização e segurança das usinas, incluindo novas tecnologias de filtragem de rejeitos.
A reativação das operações representa um alívio para a economia capixaba. Especialmente para o Sul do Estado, com a geração de empregos e a recuperação de parte das atividades industriais. No entanto, os danos ambientais seguem presentes. O Rio Doce ainda carrega os vestígios da tragédia que mudou para sempre o curso das águas de Minas Gerais e do Espírito Santo.