Uma pedra no município de Iúna, em meio à mata reúne lendas populares e atraem pessoas, movidas pela fé. A fenda entre duas formações rochosas que se tornou ponto turístico fica em Água Santa, localidade do município.
Dizem que, quem passa entre elas, se livra dos pecados. Já a água que nasce, próximo da pedra, é atribuída a uma graça alcançada após pedidos a Santa Luzia, padroeira dos olhos.
O local ganhou o nome de Pedra do Pecado. Bem estreita, é preciso passar de lado. De acordo com os populares da região, quem fica preso, somente consegue sair na presença de um padre.
O historiador Marcio do Nascimento Santana conta que, os primeiros homens civilizados que desbravaram as matas do território iunense foram os construtores da Estrada Real São Pedro de Alcântara, liderados pelo tenente-coronel Ignácio Pereira Duarte Carneiro.
Eram portugueses e brasileiros. Os primeiros moradores foram os membros das famílias contratadas para cuidarem dos quartéis e os soldados destacados para a guarnição da Estrada Real. Junto deles, estava frei Bento di Gênova, da ordem dos Capuchinhos. O religioso era pároco do local e a pedra era seu refúgio quando queria meditar, curar dores e doenças e foi também o local escolhido como seu leito de morte.
“Era cultural entre os religiosos buscar refúgio entre as pedras. Um exemplo famoso é o franciscano Pedro Palácios. O frade espanhol que fundou o Convento da Penha em Vila Velha, assim que chegou à Vila do Espírito Santo, segundo a história, só foi encontrado pelos moradores três dias depois, descansando sob uma gruta existente no sopé do morro, ali mesmo, na margem da Prainha, lugar que ficou sendo sua primeira morada, e que existe até hoje.
Em Iúna, a ‘fama’ do local começou em 1866, o Frei Bento foi encontrado morto na fenda entre as rochas. Surgiu assim a história que a fenda absorve os pecados”, explicou.
Segundo o historiador a “sabedoria popular” garante que pedra absolve os pecados, mas o milagre não vem de graça. O pecador precisa passar três vezes pela fenda.
“Essa tradição também vem do frei Bento di Gênova. Era comum entre os religiosos à época, se infligirem dores e penitências para ‘desfocar’ a mente dos pensamentos pecaminosos. São Francisco de Assis, por exemplo, pôs as mãos na lareira. Frei Bento, se esfregava entre as formações rochosas, sempre que pensamentos maliciosos o acometia”. Comentou.
Os milagres do local não param por aí. No Parque da Água Santa existe um poço que não teve seu volume alterado nem nas piores estiagens. A água santa é creditada a Santa Luzia. Os fiéis realizam até romaria para curar as enfermidades.
“Os moradores contam que em 1899 uma seca castigou a região, mas não as águas da nascente – única que não secou. A população iam até lá buscar água e pedir o fim da seca. A chuva veio no dia 13 de dezembro, Dia de Santa Luzia. A graça, dizem os devotos, foi por intercessão da santa.” Conclui.
Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Iúna, Padre Marconi José de Andrade explica que a igreja católica reconhece o local como um santuário de peregrinação.
“Todo dia 13 do mês, às 7h da manhã, celebramos uma missa aqui no Santuário e o dia 13 de dezembro é o dia mais especial, que é o dia da festa. Temos relatos de pessoas que vêm do Brasil inteiro para pegar dessa água. Hoje (13 de dezembro), temos uma Missa Presidida pelo Bispo Diocesano Dom Luiz Fernando Lisboa”, contou.
Questionado se os pecados são realmente absolvidos ao atravessar a fenda na rocha, explicou: “Depois do Batismo não é possível obter o perdão dos pecados mortais sem a Confissão, embora seja possível antecipar o perdão com a contrição perfeita acompanhada do propósito de confessar-se. Por isso, aquele que faz a passagem pela fenda com o coração verdadeiramente arrependido, certamente alcança a misericórdia divina”.
Fonte: Diocese de Cachoeiro
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