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Saúde e Bem-estar

Com 48 casos confirmados no ES, mpox pode causar danos graves à visão

Uma das hipóteses para o vírus atingir os olhos é a autoinoculação, causada pelos próprios pacientes, que transmitem o vírus ao olho por coçarem as feridas e depois levarem a mão ao rosto

Por Redação

3 mins de leitura

em 21 de ago de 2024, às 12h28

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Com a emergência de saúde pública global para a mpox declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e 48 casos já confirmados no Espírito Santo, a população precisa ficar alerta para manifestações oculares da doença, que podem trazer complicações graves.

Um artigo brasileiro publicado no periódico JAMA Ophthalmology relatou o primeiro caso de mpox com inflamação ocular grave, comprometendo a córnea e a úvea, nome dado à camada média do olho que inclui estruturas como a íris. Atualmente, a equipe acompanha dez casos em São Paulo. Nos Estados Unidos, entre agosto e setembro de 2022, foram registrados cinco casos com impactos na visão.

Leia também: Mpox não é ‘a nova covid’, afirma diretor regional da OMS

A oftalmologista do Hospital de Olhos Vitória (HOV), Klicia Molina Guiarizatto da Fonseca, explica que os sinais de problemas oculares aparecem depois que as feridas de pele já estão parcial ou totalmente cicatrizadas, cerca de 15 a 40 dias após o início dos sintomas mais comuns da mpox.

“Começa como uma irritação no olho, que pode ficar avermelhado, lacrimejante, com forte sensibilidade à luz e sensação de areia por trás da pálpebra, podendo evoluir até para a perda da visão”.

Uma das hipóteses para o vírus atingir os olhos é a autoinoculação, causada pelos próprios pacientes, que transmitem o vírus ao olho por coçarem as feridas e depois levarem a mão ao rosto. Por isso, é preciso redobrar os cuidados com a higiene das mãos para prevenir o contágio.

Contágio da mpox

Outra possibilidade, segundo a oftalmologista, é que, por ser um órgão imunoprivilegiado, o olho permite que o vírus fique “escondido” até causar um quadro inflamatório crônico impossível de combater apenas com os anticorpos naturais. “O olho tem um mecanismo de defesa que impede a chegada de anticorpos na região. Muitos microrganismos têm o órgão como uma forma de reservatório, ficando muitas vezes escondidos no local, pois ali o anticorpo não chega”, explica Klicia.

A agilidade é fundamental para que os casos não evoluam. O tratamento deve ser feito com tecovirimat, único remédio aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da varíola dos macacos. Após o início do tratamento correto, a recuperação do paciente é rápida, com melhora a partir do terceiro dia e regressão da inflamação a partir do quarto ou quinto dia.

A médica alerta que, no entanto, se não tratadas corretamente, as cicatrizes formadas na córnea podem levar a lesões graves e até a perda da visão. “A inoculação do vírus nos olhos é capaz persistir por até dois meses, gerando uma reação inflamatória que pode prejudicar seriamente a visão. Somado ao uso de medicação incorreta, já temos relatos de pacientes com cegueira e que vão precisar de transplante de córnea”, pontua.

Além do prejuízo à visão, existe uma comunicação muito próxima do olho com o sistema nervoso central, com o vírus tendo potencial de causar uma dor neuropática. “Precisamos chamar atenção da população para que estejam atentos e, caso tenham a doença e apresentem alguma irritação nos olhos, informar ao oftalmologista para que o tratamento adequado seja feito o quanto antes”, recomenda a médica.

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