Grande Vitória

Das ruas para o trabalho: acolhidos concluem curso de qualificação no ES

Na cerimônia, o grupo receberá o diploma que atesta estarem prontos para buscar uma oportunidade no mercado de trabalho.

Por Redação

3 mins de leitura

em 19 de nov de 2024, às 16h02

O trabalho no terceiro setor envolve constantemente a busca por soluções colaborativas para problemas complexos, demandando uma pluralidade de perspectivas (Foto: Canva)
O trabalho no terceiro setor envolve constantemente a busca por soluções colaborativas para problemas complexos, demandando uma pluralidade de perspectivas (Foto: Canva)

“Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui”. Essa frase da música A Estrada (Cidade Negra) ilustra um pouco da trajetória dos 10 munícipes usuários dos serviços socioassistenciais voltados para pessoas em situação de rua que, na próxima quinta-feira (21), às 14 horas, concluem o curso Eletricista de Instalação Predial de Baixo Padrão.

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Na cerimônia, o grupo receberá o diploma que atesta estarem prontos para buscar uma oportunidade no mercado de trabalho. O curso foi ofertado pelo Senai, por meio de parceria com as Secretarias de Assistência Social (Semas), Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid) de Vitória e o Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

Edvaldo Delfina Deolindo, de 57 anos, que participa de atividades no Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop) Continental é um deles. Na aula inaugural, ele contou que ficou surpreso quando técnicos do Centro Pop conversaram sobre a possibilidade. Sentado em uma das carteiras da instituição de aprendizagem industrial, Edvaldo falou da emoção de estar naquele lugar, após quase 20 anos em situação de rua e distante de uma escola desde 1983.

“Já trabalhei como mecânico numa grande indústria, mas com a separação, o distanciamento dos filhos e o falecimento de minha mãe…. Peguei o caminho das ruas. Agora, vejo uma luz acender no fim do túnel. Voltar para uma escola está me deixando feliz, com esperança de superação”, comentou ele.

Ao ser questionado como se sentia por viver em situação de rua, Edvaldo falou que perdeu tudo. “Perdi tudo, mas nunca deixei morrer meu sonho de voltar a estudar para voltar a ter uma vida digna. Sonhava e sonho em voltar ao mercado de trabalho. Quero me formar, ter uma profissão, um emprego para andar de cabeça erguida”, falou ele.

O colega de turma Marcos Alessandro de Oliveira Correa, 44, disse que estava disposto a dar o melhor de si para chegar ao final do curso em condições de encontrar oportunidade no mercado de trabalho. Ele contou que quando foi comunicado sobre a abertura de vaga e a oferta para pessoas em situação de rua, chegou a cogitar ser fake news.

“É difícil de acreditar que vão deixar a gente entrar e estudar num lugar tão importante quanto este (se referindo ao Senai). Agora, acredito que tem pessoas lutando por nós. Aqui, sentado e ouvindo todo mundo falando vejo que é coisa boa para gente de verdade. É um curso de qualidade e sério”, comentou Marcos, sorridente.

Para a subsecretária de Proteção Social Especial de Vitória, Carla Scardua, o principal objetivo da realização dos cursos é proporcionar a oportunidade de desenvolver habilidades técnicas e competências profissionais para o mercado de trabalho. “Essa é mais uma forma de garantir a autonomia econômica das pessoas em situação de vulnerabilidade numa perspectiva de inclusão e inserção no mercado formal de trabalho”, defendeu Carla.

Cintya Schulz, secretária de Assistência Social da capital, fez questão de expressar seu orgulho pela união das políticas públicas em favor da oferta de novas oportunidades para pessoas com trajetória de vida nas ruas. “Celebrar essa conquista poder ser um incentivo para que outras pessoas continuem seu percurso para a superação da condição de rua e conquistem sua autonomia”, comentou ela.

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