Alta na produção industrial faz ES ter 2º melhor resultado do país
Os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE foram divulgados nesta sexta-feira (11) e compilados pelo Observatório Findes

A produção industrial do Espírito Santo cresceu 23,9% em maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado positivo garantiu ao Estado a segunda maior alta do país, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul (29,1%), e bem acima da média nacional (3,3%). Os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE foram divulgados nesta sexta-feira (11) e compilados pelo Observatório Findes.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiO presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, comenta que, apesar do resultado positivo em maio, o contexto macroeconômico se tornou ainda mais desafiador nos últimos dias. “Temos pela frente grandes desafios a serem enfrentados. Principalmente após a decisão do governo dos Estados Unidos de elevar em 50% a tarifa sobre todos os produtos importados do Brasil”, comenta.
O presidente lembra que o Espírito Santo possui uma das economias mais abertas do Brasil, altamente integrada ao mercado externo. “Essa abertura, que é uma das forças do desenvolvimento socioeconômico capixaba, nos torna também mais vulneráveis a decisões unilaterais e protecionistas como esta. Vale lembrar que quase 80% de tudo o que é exportado pelo Estado são produtos industriais”, ressalta.
O resultado de maio aconteceu após o presidente dos Estados Unidos anunciar a implementação de “tarifas recíprocas” sobre produtos importados de diversos países, incluindo o Brasil, em abril deste ano. Após esse primeiro anúncio, outros movimentos de novas tarifas foram feitos. A tarifa de 50% anunciada nesta semana é a mais alta já aplicada ao Brasil e supera as tarifas impostas a outros países neste ciclo de medidas. Ela deve afetar diretamente o empresário capixaba.
Indústrias de transformação e extrativa cresceram em maio
O crescimento da indústria capixaba foi impulsionado pelos resultados positivos dos dois setores que a compõem: indústria extrativa (35,9%) e indústria de transformação (4,1%). No caso da extrativa, o crescimento da atividade foi fruto dos aumentos nas produções de minério de ferro pelotizado, de petróleo e de gás natural.
De acordo com os dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de petróleo no Espírito Santo em maio foi de 179,8 mil barris por dia (bbl/d). O resultado é 7,9% maior do que registrado no mês anterior e 13,2% acima do realizado no mesmo mês de 2024. Já a produção média de gás natural no Estado foi de 4,6 mil m³ por dia em maio, um resultado 16,7% acima da produção de abril, e 27,2% superior ao mesmo mês do ano anterior.
“O aumento da produção de petróleo e gás natural (P&G) em maio foi impulsionado pelos ambientes offshore (no mar) e onshore (em terra). No offshore, a produção de petróleo cresceu 5,8% em relação a abril e expandiu 13,2% em relação a maio de 2024, enquanto a produção de gás natural cresceu 16,6% em relação a abril e expandiu 29,2% em relação a maio de 2024. Enquanto isso, no ambiente marítimo, o destaque foi a produção do FPSO (navio-plataforma) Maria Quitéria, que extraiu 26,1 mil barris de petróleo por dia, ou seja, operou com cerca de 26% da sua capacidade (que é de 100 mil bbl/d), e produziu 913,8 mil m³ de gás natural por dia (cerca de 18% da sua capacidade, que é de 5 milhões de m³/d)”, explica o gerente de Ambiente de Negócios da Findes, Nathan Diirr.
Nathan complementa que, no onshore, a produção de petróleo cresceu 75,8% frente a abril, com destaques para os campos Fazenda Alegre (104,9%), Cancã (+87,5%), Inhambu (83,4%) e Fazenda São Rafael (6,8%), todos operados pela petroleira Seacrest. “A produção de petróleo em terra aumentou 11,8% em relação a maio de 2024. Por sua vez, a produção de gás natural no ambiente onshore cresceu 23,1% frente a abril, contudo, recuou 30,6% em relação a maio de 2024”, aponta.
Também teve resultado positivo na indústria de transformação capixaba. Metalurgia (13,2%), fabricação de papel e celulose (2,4%) e a fabricação de produtos de minerais não metálico (1%) cresceram. Já a fabricação de produtos alimentícios contraiu 7,9%.
“A metalurgia foi o segmento que mais cresceu. Ela foi impulsionada pela maior produção de bobinas a quente, de lingotes blocos, tarugos ou placas de aço e de ferro-gusa. Já a fabricação de produtos de minerais não metálicos cresceu com o aumento da produção de granito, pedras de construção e ladrilhos e outros produtos de cerâmica para pavimentação ou revestimento”, analisa a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva.