
Foi oficialmente lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Campanha da Fraternidade 2026, que traz como tema “Fraternidade e Moradia” e tem como lema o versículo do Evangelho de João: “Ele veio morar entre nós” (Jo 1,14). A proposta convida os cristãos a uma reflexão profunda sobre a realidade da moradia no Brasil, destacando a urgência de garantir esse direito básico como expressão concreta da dignidade humana e do compromisso cristão com os mais pobres.
A imagem escolhida para o cartaz da campanha já anuncia o impacto dessa nova edição: a escultura “Cristo sem-teto”, do artista canadense Timothy Schmalz, retrata Jesus deitado em um banco, coberto por um cobertor, com os pés feridos visíveis. É uma representação poderosa que evoca a presença de Cristo nas pessoas em situação de rua, abandonadas nas margens da sociedade. O cenário urbano ao fundo, dividido por tons quentes e frios, simboliza a desigualdade que marca o cotidiano de milhares de brasileiros. Ao centro, uma comunidade se reúne diante do sofrimento, e a fé aparece como um fio de esperança que insiste em não se romper.
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Segundo o padre Jean Poul Hansen, secretário executivo de Campanhas da CNBB, a proposta do cartaz é provocar uma conversão do olhar. “É preciso nos aproximar da realidade para reconhecermos Cristo presente nos que vivem sem teto, nas ocupações, nos barracos de lona. A Campanha da Fraternidade é esse convite a enxergar o outro com compaixão e a transformar a sociedade a partir do Evangelho”, afirmou.
A moradia, mais que abrigo, é o espaço da vida, do cuidado, da construção familiar, da intimidade com Deus. No entanto, milhões de pessoas seguem à margem desse direito, morando em áreas de risco, favelas precárias, cortiços ou mesmo em situação de rua. A CF 2026 quer reacender o debate sobre políticas públicas habitacionais, mas também provocar gestos concretos de solidariedade e acolhida nas comunidades eclesiais.
Campanha da Fraternidade 2026
Na preparação da campanha, a CNBB promoveu um seminário nacional, encontros com a Pastoral da Moradia e reuniões com agentes de todo o Brasil. Um dos momentos marcantes foi a exibição do documentário “A Favela do Papa”, que narra a luta dos moradores do Vidigal, no Rio de Janeiro, contra ameaças de remoção. A história serve como símbolo da resistência e da fé de tantos que não desistem de sonhar com um lar digno.
Também está em andamento o concurso para a escolha do hino oficial da campanha. Compositores católicos de todo o país estão sendo convidados a participar, e formações litúrgicas e teológicas estão sendo oferecidas para orientar a criação. O hino, como em todos os anos, será uma das expressões mais populares da Campanha, ecoando nas igrejas, nos encontros e nas celebrações durante todo o período quaresmal.
Na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, a Campanha da Fraternidade sempre mobiliza paróquias, pastorais e fiéis, e em 2026 não será diferente. O apelo à fraternidade será acompanhado de ações solidárias e de momentos de formação sobre o tema, buscando não apenas sensibilizar, mas gerar mudança. Afinal, como disse o próprio Jesus, “quando fizestes isso a um desses meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25,40).
Mais do que denunciar as injustiças, a Campanha da Fraternidade 2026 é um convite à Igreja em saída, comprometida com o Evangelho vivo e com a transformação da realidade. Que cada comunidade possa acolher esse chamado com generosidade e coragem, ajudando a construir um mundo onde todos tenham onde morar e viver com dignidade.
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