Comissão de Saúde faz visita técnica a hospitais da Região Serrana
colegiado foi verificar as condições de estrutura e atendimento, além da situação financeira dos locais e saber como o grupo pode auxiliar nas melhorias necessárias
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Duas unidades hospitalares da Região Serrana do estado foram visitadas pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Ales) nesta quarta-feira (17). O colegiado foi verificar as condições de estrutura e atendimento, além da situação financeira dos locais e saber como o grupo pode auxiliar nas melhorias necessárias.
A primeira visita foi ao Evangélico de Santa Leopoldina, hospital que é referência no município e atende também a população de cidades vizinhas. A unidade funciona como porta-aberta (recebe pacientes sem intermediação do estado por meio de regulação) por meio do Pronto-Socorro (PS).
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Pronto-socorro e internação
Além dos atendimentos emergenciais no PS, o Evangélico dispõe de 25 leitos para pacientes de baixa complexidade. Os demais casos, mais graves, são atendidos de imediato mas enviados para outras unidades hospitalares capixabas. A unidade também realiza cirurgias vasculares eletivas.
O presidente da Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes), Rodrigo Seidel,, lembrou da boa estrutura do Evangélico de Santa Leopoldina, mas também dos desafios que a unidade tem pela frente. “Nós somos um hospital contratualizado com o Estado e temos parceria com o município. Nós temos hoje 25 leitos e nosso maior sonho é ampliar para pelo menos 50 leitos”, afirmou Seidel.
O prefeito de Santa Leopoldina, Fernando Rocha (PDT), também acompanhou a visita e destacou que a ampliação de leitos proporcionaria maior eficiência e sustentabilidade à unidade. “Muito bom a Assembleia estar acompanhando de perto e conhecendo essas estruturas e os nossos desafios para nos apoiar em projetos futuros de expansão”, avaliou o chefe do Executivo municipal.
Cobertura geral
A secretária de Saúde de Santa Leopoldina, Lorena Leoncio, ressaltou que a estrutura de atendimento no município é 100% de saúde da família, assegurando cobertura geral em todas as unidades básicas e equipes completas, com médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, o que, na visão dela, garante um bom acolhimento para os pacientes.
“Santa Leopoldina tem um perfil muito específico, é um dos municípios do Espírito Santo com a maior população rural, cerca de quase 80% da nossa população se encontra dividida, separada e vascularizada em nosso território. E o nosso hospital (Evangélico) vem nos dando o suporte necessário para a questão de urgência e emergência, toda a questão de leitos e vagas e funciona também como nosso atendimento 24 horas. (…) Os desafios na saúde são sempre presentes, nunca ela vai estar 100%, porque é uma área muito sensível, mas a gente está aqui com muita resiliência e coragem pra continuar”, disse a secretária.
Avaliação positiva
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Bruno Resende (União), avaliou a estrutura e o atendimento na unidade. “O hospital está muito bem cuidado do ponto de vista de infraestrutura, tem uma equipe médica comprometida e serviços bem estabelecidos, como, por exemplo, o serviço de cirurgia vascular, com médicos que fazem praticamente toda a linha de cuidado, desde o diagnóstico à consulta de pré-operatório, fazem o segmento e operam aqui dentro do hospital”.
O hospital tem contrato firmado com a Secretaria de Estado da Saúde, como lembrou o deputado: “são 25 leitos contratualizados, sendo 20 deles sob gestão do Estado no que se refere à regulação de leitos, e cinco para autorregulação, atendendo a porta de pronto-socorro, que é uma porta compartilhada com o município”.
Sobre a ampliação da estrutura, Dr. Bruno falou sobre a importância da oferta de mais especialidades médicas para a população e colocou a Comissão de Saúde à disposição, inclusive para o diálogo com o governo do Estado sobre essa demada.
Santa Teresa
A segunda visita foi ao Hospital Madre Regina Protmann, localizado em Santa Teresa. A unidade, bem maior do que a primeira visitada, também é referência no município e, da mesma forma, atende várias cidades próximas.
O hospital também é filantrópico e tem 90% dos atendimentos referentes ao Sistema Único de Saúde (SUS). São 76 leitos de internação, com 10 leitos de UTI. A diretora-técnica-geral da unidade, Clarissa Ceresino, afirmou que o Madre Regina Protmann é porta e referência de trauma e cirurgia geral (abdômen agudo e outros traumas) de Santa Teresa e de cerca de oito municípios adjacentes, com grande número de cirurgias e internações clínicas.
Dificuldades financeiras
No entanto, um quadro que preocupa o hospital é o financeiro. O déficit anual do Madre Regina Protmann é de cerca de R$ 8 milhões, valores que são cobertos pelo sistema Santa Catarina, rede hospitalar com várias unidades no país e da qual o hospital de Santa Teresa faz parte.
“Estamos na busca pelo equilíbrio financeiro, nós temos contratos de repasse com o município e com o estado, tentando atender da melhor forma possível a população, que é merecedora de um atendimento de qualidade, com segurança no diagnóstico e tratamento”, afirmou a diretora.
A secretária municipal de Santa Teresa, Sigrid Kerkhoff Sttuhr, ressaltou o trabalho da unidade hospitalar. “Temos uma parceria muito boa com o hospital e isso não é só para o município de Santa Teresa porque eles são referência para mais oito municípios. Eles nós ajudam muito no atendimento, principalmente com relação à saúde de urgência e emergência aos cidadãos da nossa cidade e nós ajudamos muito eles (com repasses)”, explicou a secretária.
O presidente do colegiado de Saúde também avaliou positivamente a estrutura e o atendimento no Madre Regina Protmann: “Mais uma vez um hospital filantrópico cumprindo o papel de protagonista na região. Um atendimento muito bom, uma estrutura física preservada, conversada, humanizada e serviços bem prestados. Nós temos aqui desde maternidade ao atendimento ao trauma, urgência e emergência, porta pra Samu, atendimento clínicos e internações nas mais diversas especialidades”, afirmou.
Desafios
Para Dr. Bruno, um dos grandes desafios do hospital é a ampliação desses serviços: “Tem um pleito junto à Secretaria de Estado, colocado já há bastante tempo, houve o investimento importante do hospital nas salas vermelhas (sala de urgência e emergência destinada aos pacientes que dão entrada em estado grave no hospital). Hoje o hospital tem duas salas vermelhas funcionando e tem um pleito de ampliar para mais oito salas, totalizando 10 salas”.
Outra questão apontada, durante a visita técnica em Santa Teresa, foi a necessidade de negociação para uma nova contratualização com o governo do Estado, aderindo ao modelo instituído pela Portaria 042-R/2023 (que institui a Política Estadual de Contratualização da Participação Complementar ao Sistema Único de Saúde no Espírito Santo). O parlamentar afirmou que a Comissão de Saúde pode tentar auxiliar no diálogo com o Estado.
“Isso (a nova contratualização) significa não apenas o incremento financeiro para o hospital, que permite a estabilidade, a sustentação financeira, mas também para o Estado, a cobrança de garantia de qualidade, porque a população precisa do acesso à saúde e acesso de qualidade”, explicou o parlamentar.