Vem sendo implementado no Parque Nacional do Caparaó, o projeto “GEF Pró Espécies: Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção”, objetivando monitorar Espécies Exóticas Invasoras (EEIs).
Espécie Exótica é aquela que ocorre fora de sua área de distribuição natural passada ou presente, podendo ter sido introduzida de forma acidental ou intencional. Ela será considerada invasora caso se reproduza e se disperse para novas áreas, causando impactos à biodiversidade nativa.
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As Espécies Exóticas Invasoras estão entre as principais causas da extinção de espécies no mundo. Elas podem eliminar espécies nativas, diretamente ou pela competição por recursos, podem desequilibrar interações ecológicas, predar animais nativos e transmitir patógenos para os quais as espécies nativas não possuem defesa. As EEIs costumam se adaptar facilmente a qualquer ambiente e não possuir predador natural nos locais onde são exóticas, o que contribui para sua rápida proliferação.
Alguns exemplos de EEIs encontradas na região do Parque são: eucalipto (Eucalyptus spp.), capim braquiária (Urochloa decumbens), capim gordura (Melinis minutiflora), ameixa (Eriobotrya japonica), abelha africanizada (Apis mellifera) e cachorro (Canis lupus familiaris) e gato (Felis catus) domésticos.
Algumas das ações que vêm sendo feitas no Parque Nacional do Caparaó no âmbito deste projeto são o levantamento e o mapeamento de Espécies Exóticas Invasoras (tanto de plantas quanto de animais) dentro da Unidade, a construção de uma rede de colaboradores (com pesquisadores, representantes de órgãos municipais, conselheiros do Parque e moradores locais), além da elaboração e divulgação de materiais informativos no site e nas redes sociais do PNC.
Grande ameaça para o Parque Nacional do Caparaó
Uma EEI que representa grande ameaça ao Parque Nacional do Caparaó é o javali (Sus scrofa), espécie nativa da Europa, Ásia e norte da África, mas que possui registros de ocorrência no entorno do Parque há cerca de 20 anos, tanto em vida livre como em criadouros.
O javali está listado como uma das 100 piores EEIs do mundo, causando impactos ambientais, econômicos e sanitários. Destrói plantios agrícolas (milho, mandioca, batata doce e soja, por exemplo), preda animais nativos e domésticos, destrói e polui cursos d’água, causa danos a raízes e sementes, sendo ainda hospedeiro e reservatório de inúmeras doenças que acometem tanto humanos quanto animais nativos e domésticos. Por se tratar da mesma espécie do porco doméstico e não passar por nenhum tipo de inspeção sanitária, representa um grande risco para a suinocultura do Brasil, pois transmite doenças para os porcos. O javali é um animal que possui dieta onívora, preferindo vegetais, mas também come ovos, répteis e até carniça. Não há predador natural do javali no Brasil.
Devido a sua nocividade “às espécies silvestres nativas, aos seres humanos, ao meio ambiente, à agricultura, à pecuária e à saúde pública” a legislação no Brasil não permite a criação de javalis nem dos chamados “javaporcos”, que são os híbridos de javalis com porcos domésticos (como consta na Instrução Normativa IBAMA nº 3 de 2013). Além disso, essa Instrução Normativa autoriza o controle populacional da espécie, que deve seguir determinadas regras para ser realizado.
Um aspecto fundamental, apresentado na imagem abaixo, é entender as diferenças entre javali, queixada e cateto (ou catitu); essas duas últimas são espécies nativas na região do Caparaó, não podem ser caçadas e têm suas populações ameaçadas com a expansão do javali. O queixada, inclusive, é considerado criticamente em perigo de extinção na Mata Atlântica devido, entre outros fatores, à caça ilegal e à fragmentação do seu habitat, que são as florestas.
Na mídia, infelizmente, é comum ver imagens de queixada sendo equivocadamente atribuídas ao javali, o que pode induzir a população ao erro no momento de identificar esses animais.
É de grande importância para este projeto levantar a ocorrência e distribuição do javali na região do Caparaó, tanto em vida livre quanto em criadouro, a fim de impedir que ele adentre no Parque. Para isso, é fundamental a colaboração de toda a sociedade. Foi elaborado um formulário a ser preenchido online, caso se tenha conhecimento da presença do javali ou de qualquer outra EEI no entorno do Parque ou dentro dele. Os relatos são sigilosos.
O envio de fotos ou vídeos do registro informado é de crucial relevância e sugere-se o uso do aplicativo gratuito Timestamp Camera, pelo qual é possível gravar dados de data, hora, coordenadas geográficas e altitude. Esses dados são essenciais para o monitoramento das espécies. Além disso, o e-mail [email protected]. está disponível para envio de informações.
Outras opções, no caso do javali, também são:
- Efetuar denúncia via disque-denúncia 181, ou Registrar ocorrência via Sistema Integrado de Manejo de Fauna (SIMAF) pelo site simaf.ibama.gov.br.
- Porém, destaca-se a importância de informar ao Parque sobre a presença de Espécies Exóticas Invasoras e principalmente sobre o javali.
A Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção é financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, sob a coordenação do Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do MMA. É implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e tem o WWF-Brasil como agência executora. Esse trabalho tem a gestão do seu financiamento realizada pela Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE).
Postagens 1, 2, 3 e 4 publicadas sobre o tema nas redes sociais do Parque.
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