Saúde e Bem-estar

Dia Mundial da Menopausa: veja como garantir o bem-estar da mulher

Saiba como a menopausa pode afetar o bem-estar e como manter o equilíbrio hormonal para uma vida saudável e feliz

Foto: Pixabay

Os hormônios femininos desempenham um papel crucial na saúde e no bem-estar das mulheres, influenciando uma variedade de processos fisiológicos e psicológicos. Por causa disso, a menopausa afeta, em geral, o bem-estar feminino.

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Para se ter uma ideia, os hormônios atuam na saúde sexual, óssea, cardiovascular, na saúde da pele, na função cognitiva e saúde mental, dentre outras. Isso mostra como é necessário manter o equilíbrio hormonal para evitar impactos negativos no bem-estar e vulnerabilidade na rotina.

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Com a queda progressiva dos hormônios, começam a surgir sintomas mais vagos, que se confundem com outras condições médicas, mas é muito importante falar neles, em especial sobre a menopausa, nome que se dá à última menstruação.

O corpo da mulher começa a se preparar para a menopausa entre os 45 e 55 anos. O climatério, conhecido como o período que antecede a menopausa, também chamado de transição menopausal, e pós-menopausa é o primeiro “sinal” desta nova etapa de desafios na vida das mulheres, que pode e deve ser enfrentado com bastante resiliência.

Sintomas da menopausa

Passar por esse momento traz uma série de mudanças e adaptações ao corpo feminino. Porém, como identificar os primeiros sinais e sintomas se eles são tão diversos e podem se confundir com outras condições de saúde?

Mais de 80 sintomas associam-se ao climatério. Um sintoma comum e clássico é o fogacho, também conhecido como onda de calor. Por um desequilíbrio do centro de controle da temperatura, a mulher começa a sentir um calorão repentino, geralmente no tórax e pescoço, fica vermelha, e com suor excessivo.

Outro sintoma comum é a mudança do padrão menstrual, geralmente mais precoce, onde os ciclos tornam-se irregulares. Fisicamente, são frequentes a sensação física de cansaço, a falta de energia e disposição, os problemas do sono, como a dificuldade de dormir e insônia, o ressecamento da pele e a flacidez.

A saúde psicológica e cognitiva também sofre impacto. As pessoas do convívio diário começam a notar uma piora da concentração e da memória, e alterações do humor e irritabilidade. Em alguns casos, pode ser notado um padrão mais depressivo.

Dentre todos estes aspectos apontados, talvez o mais desafiador para a mulher, por constituir um conjunto de alterações físicas e emocionais, e ainda por ser um tabu para muitas mulheres, é a diminuição da qualidade de vida sexual.

A queda dos hormônios provoca o ressecamento e afinamento da parede vaginal, e a diminuição da lubrificação. Como resultado, o ato sexual pode se tornar doloroso. O saldo então é a diminuição do desejo sexual, falta de excitação, baixa autoestima e até depressão.   

Vulnerabilidade, porém, com resiliência

Izabelle Gindri, doutora em Engenharia Biomédica pela pela UTD (University of Texas at Dallas) é cientista, farmacêutica, cofundadora e CEO da bio meds Brasil, empresa especializada em tratamentos de reposição hormonal. Ela aponta que os sinais clínicos observados devem ser confrontados com os exames laboratoriais para diagnosticar o climatério e definir a melhor estratégia terapêutica.

Os principais exames que mostram a aproximação da menopausa é a dosagem do FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e do Estradiol. Conforme esta fase se aproxima os ovários se tornam menos responsivos ao FSH, e seus níveis aumentam na tentativa de promover o equilíbrio hormonal.

Para Gindri, a principal estratégia para aliviar os sintomas do climatério consiste na adoção de hábitos saudáveis aliados com a terapia de reposição hormonal.

“Uma alimentação saudável e a prática de atividade física regular, principalmente exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, ajudam no controle de peso, diminuem as dores musculares e articulares, e melhoram o humor, a libido e as alterações vaginais. Estimular o cérebro em atividades de raciocínio ajuda a reduzir o risco de perda de memória durante a pós-menopausa.

A reposição hormonal visa equilibrar os níveis de hormônios diminuídos nesse período, sendo o Estradiol e a Progesterona os principais hormônios utilizados. No Brasil, a utilização dessas substâncias já está consolidada nas formas de pílulas, géis, adesivos e injetáveis. Recentemente, muito se tem discutido sobre a terapia hormonal com implantes subcutâneos que são aplicados sob a pele da paciente. A forma de reposição via implantes subcutâneos tem se demonstrado eficaz e segura, sendo utilizada há mais de 50 anos nos Estados Unidos e Europa.”

Izabelle Gindri, doutora em Engenharia Biomédica

Climatério e menopausa no ambiente corporativo

Um estudo da Plenapausa aponta que 44% das brasileiras que estão passando por essa fase não se sentem produtivas no trabalho. Além disso, 82% delas relataram sintomas de depressão ou ansiedade, mas 27% se acolhem e diminuem as cobranças internas neste momento.

“Esses sintomas parecem ser um reflexo também do que vivemos como sociedade, mas nem por isso devemos deixar que se intensifiquem”, diz a psicóloga autoridade em saúde emocional para transformação dos negócios, Fernanda Tochetto.

A pesquisa aponta, ainda, que 91% sentem cansaço, 89% têm alteração de humor, 79% sofrem com dores musculares e/ou nas articulações e 15% se sentem doentes para trabalhar.

Como não prejudicar a vida pessoal e profissional?

Segundo Fernanda, tudo começa pela saúde. Capacitar as mulheres para cuidarem de sua vitalidade, gerir o stress e adotar soluções personalizadas beneficiaria suas carreiras individuais, e promoveria um ambiente de trabalho mais seguro, inclusivo e economicamente viável.

“Não podemos negligenciar a saúde física e emocional, pois sem essa estrutura não é possível progredir de forma sustentável nas demais áreas da vida”, diz. Ela destaca a importância de ter clareza quanto aos objetivos pessoais e manter isso alinhado com a família e considera que enfrentar adversidades com foco e uma rede de apoio traz mais segurança nos desafios da carreira.

O estudo realizado pela Korn Ferry e Vira Health corroboram essa visão, ao sinalizar que a maior fonte de suporte das mulheres nesse período vem de fora do ambiente corporativo:

“Oferecer benefícios focados em mulheres na menopausa pode ser um diferencial competitivo na atração de talentos. Paralelamente a transformação de mentalidade que esperamos e impulsionamos na sociedade, a mudança deve começar dentro de cada mulher.”

Fernanda Tochetto, psicóloga autoridade em saúde emocional para transformação dos negócios

No viés positivo, a pesquisa trouxe que 24% das mulheres entrevistadas relataram um aumento de consciência pessoal, e 15% engajamento profissional e autonomia.

Para a psicóloga, essas são ferramentas poderosas. Com método e disciplina é possível desenvolver inteligência emocional e, dessa forma, garantir que os desafios naturais do corpo não prejudiquem a qualidade de vida nem o sucesso profissional. “Mudar faz parte, mas não é necessário sofrer com as mudanças”, conclui.