Grande Vitória

Tragédia do Morro do Macaco: obras de contenção são anunciadas

O ato ecumênico desta manhã trouxe muita emoção e reflexão aos presentes, sendo relembrados os momentos de sofrimento vividos pelos moradores da região

Por Redação

6 mins de leitura

em 15 de jan de 2025, às 17h23

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A esperança de que o passado não se repetirá é o que mantém a fé e motiva os moradores de Alto Tabuazeiro a seguirem a vida. No dia 15 de janeiro de 1985, o deslizamento de uma pedra marcou a história da região do Morro do Macaco. Nesta quarta-feira (15), exatos 40 anos depois da tragédia, foi realizado um ato ecumênico em lembrança das vidas que foram perdidas.

A tragédia foi marcada pelo deslizamento de uma pedra com aproximadamente 150 toneladas, que destruiu dezenas de casas e levou 40 pessoas a óbito, além de ter deixado 150 feridos e mais de 600 famílias desabrigadas.

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O ato ecumênico desta manhã trouxe muita emoção e reflexão aos presentes, sendo relembrados os momentos de sofrimento vividos pelos moradores da região, que até hoje lidam com as consequências da tragédia. Apesar da triste história da região, atualmente, o local recebe inúmeros investimentos que transformam o bairro em um local seguro e com qualidade habitacional.

Após o momento de reflexão, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, assinou o contrato que fornece recursos para novas obras de serviço e de contenção de encostas para o município de Vitória, inclusive a região de Alto Tabuazeiro, com investimento de R$ 10 milhões. Serão 15 obras de contenção de encostas em sete bairros da cidade: Forte São João; Consolação; Gurigica; Grande Vitória; Bonfim; Conquista e Jesus de Nazareth. Essee investimento zera o déficit de intervenções necessárias para minimizar o risco geológico em Vitória, mapeados até o momento.

“Nós trabalhamos muito para que essa história não se repita em nenhuma comunidade, por isso nós nos preparamos para investir em segurança. Eu sinto em cada abraço e em cada olhar que, nesse momento, os moradores da região poderão ter uma vida tranquila, depois de todo o investimento que estamos fazendo para mudar a realidade deste local. O nosso compromisso é continuar tendo responsabilidade com dinheiro público, investindo onde é preciso”, pontuou o prefeito.

História

Durante o evento, os moradores da região que presenciaram a tragédia da época compartilharam suas vivências e emoções com todos os presentes. Glória Rosa Rodrigues, nascida e criada na região, afirma que as chuvas da época eram muito fortes e deixaram fortes marcas em todos os moradores.

“Na época, até os moradores ajudaram os bombeiros a recuperar as vítimas, mas muitas já tinham partido. Foi tudo muito triste, fico mal de lembrar dos conhecidos que perdi na época, muitos não conseguiram ajuda e agora nossa esperança é confiar que isso não se repita”.

Creusa Rodrigues mora no bairro há 54 anos e também presenciou a tragédia. “Quando eu escutei o barulho, eu levantei e subi para o morro para salvar a todos que pediam socorro. A tragédia foi muito triste e me dói no coração até hoje, mas ainda tenho fé que agora teremos saúde e paz aqui no bairro”, disse.

Adilson Frederico foi um dos moradores que perderam seus familiares. “Quero agradecer o apoio que nós recebemos ao sermos levados para Feu Rosa, junto com outras famílias. Infelizmente minha esposa e meu filho não foram encontrados e faleceram na tragédia. Apesar de todas as tristezas, ainda temos fé”, afirmou Adilson.

Na época do acontecimento, quase 200 famílias foram levadas para um conjunto residencial no bairro Feu Rosa, na Serra. Mais tarde, algumas delas passaram a receber um aluguel social, oferecido pela Prefeitura de Vitória.

Obras de Contenção

Além da fé e da esperança, os moradores contam com o apoio da Prefeitura, que atua em diferentes frentes para fornecer segurança para a região. Atualmente, não há nenhuma área de risco alto ou muito alto no local, pois três obras de contenção foram executadas pela atual gestão.

No beco Manoel Machado, foi feita uma obra para conter o talude de corte em encosta de alta declividade, que apresentava alto risco de deslizamento de solo. A obra foi concluída em dezembro de 2022, com investimento de R$ 134.928,57.

Na escadaria Olindina Tavares, foi construído um muro de Contenção em blocos de concreto com 12 metros de comprimento e 3,2 metros de altura, além de outras dezoito obras de contenção, com investimento de R$ 5.347.704,11.

No beco Everaldo Conceição, a Secretaria de Obras executou uma tela de contenção metálica e prevê a execução de até 139 obras de contenção de encostas em 57 bairros da cidade, com investimentos de R$ 60.453.674,05. Essas ações zeram o déficit de intervenções necessárias para minimizar o risco geológico em Vitória, apontados por laudos geológico-geotécnicos emitidos pela Defesa Civil Municipal.

O secretário de Obras da capital, Gustavo Perin, afirma que os trabalhos de contenção estão atuando como segurança para inúmeras famílias em Vitória. “Nós estamos atuando para prever qualquer tipo de tragédia na cidade, as obras de contenção são feitas para que desastres como o que ocorreu aqui na região, não se repitam em nenhum outro local”, disse o secretário.

Hoje, 27 obras de contenção estão em andamento e 57 foram concluídas pela atual gestão em mais de 50 bairros de Vitória. Os investimentos foram de R$ 50 milhões e beneficiaram 539 domicílios situados em setores de risco R3 (Alto) e R4 (Muito Alto).

Ação da gestão pública

A vice-prefeita de Vitória, Cris Samorini, também esteve presente no ato ecumêncio e lamentou o acontecimento de 40 anos atrás. “Eu peço desculpa a vocês, familiares, por terem passado por isso, desculpa por só depois de tanto tempo terem uma gestão pública que sensibiliza e transforma o Morro do Macaco. Então, minha desculpa é por não terem recebido o apoio necessário anos atrás”, disse a vice-prefeita.

Os vereadores Anderson Goggi, Mauricio Leite, Mara Maroca e Luiz Paulo Amorim também estiveram no evento para prestar apoio a comunidade. O presidente da Câmara Municipal, Anderson Goggi, é da região e agradeceu à gestão os trabalhos realizados.

“Eu queria agradecer, porque antes nossa comunidade dormia com medo da história se repetir, mas a PMV está atuando com ações de contenção que previnem qualquer tipo de tragédia. Os relatos que ouvimos aqui foram muito fortes e emocionantes, mas agora sabemos que ficarão no passado”, disse Anderson Goggi.

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