ONG investigada teria recebido R$ 5 mi de ex-senadora do ES
A operação apura suspeitas de desvio de recursos públicos federais, totalizando mais de R$ 74 milhões, destinados à entidade por meio de emendas parlamentares individuais e de bancada.
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A ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES) estaria entre os parlamentares que destinaram emendas parlamentares à Associação Moriá, alvo da Operação Korban deflagrada nesta terça-feira (29) pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU). A operação apura suspeitas de desvio de recursos públicos federais, totalizando mais de R$ 74 milhões, destinados à entidade por meio de emendas parlamentares individuais e de bancada.
Rose, que deixou o Senado em 2023 após anos de atuação destacada na política capixaba e nacional, teria destinado R$ 5 milhões à associação para execução de projetos sociais diversos, incluindo iniciativas voltadas para jogos eletrônicos e inclusão digital de jovens. Os recursos, no entanto, agora estão sob suspeita de má gestão e uso irregular.
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Embora não seja alvo direto da operação, a inclusão da ex-senadora no rol de parlamentares que supostamente encaminharam verbas para a Moriá coloca em xeque a fiscalização dos recursos públicos por parte do Legislativo, especialmente em relação às emendas de relatoria e de bancada.
Ex-senadora nega ter destinado emendas a ONGs
Em nota enviada ao portal AQUINOTICIAS.COM, a ex-senadora Rose de Freitas afirmou que nunca direcionou emendas parlamentares a organizações não governamentais (ONGs). Segundo ela, os recursos de sua autoria sempre foram destinados exclusivamente a obras em municípios do Espírito Santo, especialmente para áreas como educação, saúde e infraestrutura.
“Não destino emendas para ONGs, pode consultar o orçamento. A destinação foi exclusivamente para obras no meu Estado e municípios. Consulte as prefeituras e instituições de ensino e saúde”, declarou.
A ex-parlamentar também informou que soube da citação de seu nome por meio da imprensa e que nenhum empenho ou pagamento foi feito em relação à verba mencionada. “Tenho levantamento de todas as emendas que, ao longo dos mandatos, destinei ao Espírito Santo”, reforçou.
Outros políticos citados
Conforme divulgado pelo portal Metrópoles, além de Rose de Freitas, o senador Izalci Lucas (PL-DF), com R$ 7,5 milhões, e a ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), com R$ 9,8 milhões, figuram entre os maiores possíveis repassadores de recursos à associação. No total, apenas os recursos individuais destes três parlamentares somam mais de R$ 22 milhões.
O foco principal das investigações é o uso de recursos públicos para financiar o projeto “Jedis”, Jogos Estudantis Digitais, em estados como o Espírito Santo e o Distrito Federal. A CGU apontou possíveis fraudes, como direcionamento em subcontratações, conluios entre empresas, e até a contratação de empresas de fachada. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 13 milhões.
Segundo a apuração, a entidade apresenta sinais de irregularidades estruturais: o presidente da ONG é um ex-cabo do Exército, a diretora operacional é esteticista e o responsável financeiro, um motorista. Além disso, a entidade não opera no endereço informado nos documentos oficiais e apresentou um atestado com dados falsos, alegando ter atendido 3,5 milhões de jovens em Anápolis (GO), cidade com apenas 398 mil habitantes.
Apesar da gravidade das denúncias, o caso chama atenção também pelo volume de recursos federais canalizados sem o devido controle prévio. Somente em 2023 e 2024, a Moriá recebeu R$ 74,5 milhões em emendas, parte delas assinadas por figuras de peso do Congresso Nacional.
A operação foi autorizada pelo ministro do STF, Flávio Dino, e envolveu mandados de busca e apreensão contra dirigentes da ONG, empresas subcontratadas e seus sócios.
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