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Política

Baixa cobertura vacinal preocupa deputado Bruno Resende

Presidente da Comissão de Saúde sugeriu ao secretário da pasta a realização de campanhas sobre os benefícios das vacinas para atrair a população

Por Redação

6 mins de leitura

em 16 de jun de 2023, às 15h18

Foto: Ellen Campanharo | Ales
Foto: Ellen Campanharo | Ales

A cobertura vacinal no Espírito Santo é um tema que preocupa o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Ales), deputado Dr. Bruno Resende (União). Durante a prestação de contas do secretário estadual de Saúde, Miguel Duarte, nesta sexta-feira (16), o parlamentar questionou os esforços do governo para reforçar a imunização no estado. O médico sugere que o governo promova mais campanhas para alertar a população sobre os benefícios da vacina.

“Os nossos índices estão realmente preocupantes, aqui no estado e lá fora. (…) O caminho é a gente informar a população. Então, eu gostaria de fazer esse apelo à Secretaria de Saúde, que nós ampliássemos as campanhas de vacinação, em todos os cenários. A população precisa ser provocada e informada de qual o real benefício que ela vai ter com essa vacinação, para que a gente possa ter um maior engajamento. Não basta ter a oferta da vacina, a gente precisa que a vacina chegue à população de fato”, afirmou o deputado.

Em sua resposta, o secretário citou a dificuldade de atingir a população com as campanhas publicitárias, especialmente o público jovem. “Isso tem sido um desafio, pela mudança de hábito dos brasileiros. Antes você fazia uma campanha na televisão e conseguia atingir, praticamente, toda a população brasileira. Hoje, nós temos uma redução desse público, em relação aos canais abertos. Outro ponto importante são os jovens, nossa dificuldade de engajamento maior na vacina é com o público jovem”, alertou. 

“Então, entrei em contato com a comunicação do governador Casagrande e a nossa comunicação da Sesa. E nós estamos trabalhando agora em uma campanha de engajamento que consiga atingir esse público jovem. Por que esse público jovem é tão importante? Porque as próximas campanhas de vacinação vão depender deles por muitos anos. Nós temos a população mais aderente que é acima de 45, 50 anos, que é uma população que se acostumou a ser vacinada todo mês, todo ano. Mas os jovens não”, complementou.

Fake news

O gestor também mostra preocupação com a indústria da desinformação, em que questões ideológicas têm sido colocadas à frente da ciência, desencadeando em uma produção de fake news que prejudicam o desempenho das campanhas vacinais no país e no mundo. “Trazer desinformação sobre vacina só atrasa o processo e coloca em risco as pessoas”, lamentou o secretário.

A promotora de justiça do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Inês Taddei, também comentou o tema. “Em relação às fake news, o próprio Ministério Publico Federal já esteve junto ao Ministério da Saúde levando essa preocupação. Precisamos identificar e punir essas pessoas que estão dando publicidade a fatos que não são reais e que estão contribuindo para que esses números continuem baixando significativamente, em relação à imunização”, opinou.

Judicialização

A promotora deu destaque, ainda, à situação das judicializações, especialmente no que diz respeito às internações de pacientes em virtude de sua saúde mental. “Nos chama muito a atenção o aumento significativo das internações compulsórias. Nós sabemos que a rede de atenção psicossocial no Espírito Santo está sempre na cobrança do MPES. Precisamos acabar com esse vazio assistencial no âmbito ambulatorial aqui no estado”, avaliou.

“Nós não podemos mais tratar saúde mental somente internando. Nós precisamos de um serviço de qualidade em toda a rede para absorver essa demanda quando ela sai desses serviços, desses hospitais, dessas clínicas, para que a pessoa possa continuar e ser inserida na sociedade, da forma como preconiza toda legislação, que já tem mais de 20 anos. Nós precisamos colocá-la em prática, precisamos tirar a legislação do papel”, ponderou a promotora.

Samu

Já o vice-presidente do colegiado, deputado Pablo Muribeca (Patri) fez críticas ao funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no estado. “Não sei se é por falta de equipe, se é por falta de processo seletivo, de falta de pessoas para trabalhar, mas realmente têm chamado a atenção as denúncias que as pessoas têm trazido para nossa comissão e essas denúncias têm chegado para mim, como deputado. Eu estou muito insatisfeito com o Samu”.

O secretário reconheceu a dificuldade enfrentada na oferta do serviço, mas apontou avanços nos últimos anos. “É um desafio para nós, mas o estado avançou muito. Se pegar há três anos, nós não tínhamos uma cobertura de 100% no estado. No último ano, conseguimos atingir a cobertura de 100%. Os critérios de utilização do Samu não são os mesmos dos transportes sanitários e isso traz alguns desconfortos em relação ao encaminhamento. Mas nós temos uma equipe bem treinada, bem preparada para esse atendimento”, pontuou o gestor.

Hemofilia

O deslocamento e tratamento dos pacientes com distúrbios genéticos que afetam a coagulação do sangue preocupa a presidente da Associação dos Hemofílicos do Espírito Santo (AHES), Roziani Pereira. “Vem acontecendo como uma rotina, desde o mês de março. Aumentou o fluxo dos pacientes do interior sem cobertura para os procedimentos de hematologia, então eles têm que vir para cá, para o hemocentro coordenador”, lamentou.

“Nós estamos tendo algumas dificuldades pontuais. Essas dificuldades são relevantes, porque são pacientes que já têm limitações, eles já têm as suas articulações com danos que dificultam a mobilidade, dificultam o seu levantar. Ficar muito tempo sentado também traz um momento maior de dor. Então, para esse paciente sair do interior por volta de meia-noite, vir para o hemocentro coordenador, fazer a sua consulta de rotina e só chegar em casa por volta de uma hora da manhã do dia seguinte, traz impactos, e eles acabam fazendo uma escolha de não vir”, acrescentou.

A presidente fez um apelo ao secretário para que providenciasse a oferta de médicos hematologistas e ortopedistas próximo aos centros onde os pacientes residem. “Não são pedidos intransponíveis. (…) Vamos tentar atender a esse pedido com a maior brevidade. É mais uma questão organizacional nossa, de desenhar o modelo, do que uma dificuldade operacional em si. Então, eu também me comprometo em fazer”, disse o secretário. 

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