Política Regional

Deputados cobram punição e prevenção ao terrorismo de facções no país

Além da classificação como terrorismo, Marcelo Santos cobrou unidade entre Poderes e entes federados

Redação Redação

Foto: Paula Ferreira

A sessão ordinária da última segunda-feira (25) foi marcada pela indignação e cobrança dos deputados sobre a morte de uma menina de seis anos baleada por membros de facção criminosa, na tarde de domingo (24) em Carapebus, na Serra. Alice Rodrigues estava com a família em um veículo que foi confundido pelos criminosos.

“A pequena Alice foi alvo de um ataque terrorista, é o nome que temos que dar, não é troca de tiros. Precisamos fazer com que o Congresso Nacional entenda e pare de fazer vídeo para postar nas redes sociais, pare de ficar debatendo ideologia partidária e trabalhe em prol do Brasil. Nós precisamos dar uma resposta à sociedade que já não aguenta mais. Nós não temos mais o direito de ir à rua passear. São vários ‘comandos’ que já estão aqui no Espírito Santo”, criticou o presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (União).

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Para o parlamentar, é preciso encarar que o tráfico de drogas deixou de ser o ponto principal das facções, sendo atualmente “donos de universidades, postos de combustíveis, hotéis, motéis, empresas de ônibus… de quase tudo o que um cidadão comum, trabalhador honesto, gostaria de ter”.

Terrorismo

Além da classificação como terrorismo, Marcelo Santos cobrou unidade entre Poderes e entes federados. Defendeu ainda que a política pública precisa chegar, sendo na segurança pública ainda mais preventiva, e não somente reativa.

“Quantas mulheres iguais à Alice de seis anos, e tantas outras de um ano ou ainda no ventre da mãe, foram assassinadas por esses grupos terroristas? Nós vamos passar por um processo de tolerância, como se fosse algo normal, produto do meio que vivemos? Não! Nós queremos ter o direito de ir e vir, e para isso tem que ter uma política pública que chegue a esses lugares. Temos que ter número maior de policiais, equipamentos para que nossos policiais possam atacar esses bandidos das milícias antecipando à ação deles”, exigiu. 

Repercussão

A morte de Alice Rodrigues foi motivo de indignação e diversos pedidos de minuto de silêncio logo na abertura da sessão. Para Dary Pagung (PSB), tendo as forças de segurança já prendido os criminosos, “espero que o Judiciário dê respostas de penas duras”. Quem também pediu Justiça dura com facções foi Fábio Duarte (Rede), morador de Serra. “Parabenizar à secretaria (de segurança) que prontamente já prendeu seis dos integrantes e que possamos ter uma justiça mais dura para casos como esse, porque infelizmente o crime organizado está a cada dia mais audacioso”.

Indignado, Alcântaro Filho defendeu que o ES não pode deixar o tráfico estabelecer por aqui o que já estabeleceu no Rio de Janeiro. O deputado abriu um pedido para criação de CPI das Facções e defendeu maior entrega do Legislativo nessa pauta, com fiscalização.

“Princesinha de apenas seis anos que foi vitimada pela violência, pela guerra de facções que tem ceifado inúmeras vidas no ES. Há cerca de duas a três semanas nós perdemos também uma outra preciosa vida em Vila Velha, no bairro Santa Rita, a Sofia. Até quando nós vamos perder vidas importantes e, mais do que isso, vidas preciosas de crianças e adolescentes para o crime organizado?”, questionou Alcântaro.

E

Quem também discursou por maiores resultados foi a deputada Iriny Lopes (PT). “Está faltando um debate franco e aberto com ‘produto’. Terminou o debate com um produto para que essa Casa apresente ao governador como solução que seja não exclusivamente o punitivismo, está faltando muito investimento na prevenção. Nós precisamos oferecer isso ao Estado do Espírito Santo”, conclamou. 

Já o 2º vice-presidente da Ales, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), cobrou reforço de forças policiais e do próprio combate ao crime. “O tráfico está audacioso. O alvo na Serra seriam pessoas em outro carro semelhante àquele ali. Eles atiram sem nenhuma preocupação, nenhum respeito”, lamentou.

Também morador de Serra, Alexandre Xambinho (Podemos) concordou com os pares pela urgência em resposta pesada das forças policiais. “Alice brutalmente assassinada por essa guerra das facções que tem tomado conta da região de Balneário de Carapebus e Cidade Continental. Forças de segurança precisam jogar pesado com essa turma. O balneário é de um povo ordeiro, trabalhador, mas infelizmente o tráfico de drogas está entranhado naquela comunidade”, afirmou.

Durante a fase de discursos, a deputada Janete de Sá (PSB) também refletiu o problema da violência e o avanço das facções e cobrou ação conjunta. “Precisamos reunir os Poderes constituídos, as forças de segurança, o Executivo, a Sedu, fazer uma força-tarefa substancial para dar conta dessas questões que se manifestam não só no Espírito Santo, mas no Brasil. O comando do nosso estado não está na mão do crime e aqui não vai se criar”.
Ao voltar à tribuna, Alcântaro Filho ressaltou ter colhido 7 das 10 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI e voltou a defender investigação e fiscalização sobre o tema.

“Alice foi vítima da violência, da guerra de facções no Estado. Há poucos dias tivemos Sofia Vidal, de 15 anos, em Vila Velha. Dessa vez na Serra, amanhã onde será? E depois de amanhã? Quantas vidas mais vamos perder para a guerra do tráfico no Estado? Tivemos estudiosos dizendo que o Espírito Santo vive reflexo com delay do que vive o Rio de Janeiro, ou seja, daqui a 15, 20 anos, poderemos viver dominados pelo tráfico de drogas”, alertou.

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